Acadêmicos médicos discutem a importância da VD no processo saúde-doença em ESF no interior de SP

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O primeiro ano da Faculdade de Medicina é marcado pelos primeiros contatos do estudante com os usuários do SUS.

O Programa de Aproximação Progressiva à Prática, na Universidade do Oeste Paulista (PAPP/FAMEPP/UNOESTE) insere o Acadêmico da Graduação Médica, como membro das Equipes Interprofissionais, em 09 ESFs, localizadas nos municípios de Presidente Prudente e Álvares Machado, no interior de SP. Existe uma parceria “Academia/Serviço” firmada entre a UNOESTE e as Secretarias Municipais de Saúde de Presidente Prudente e Álvares Machado.

Durante as minhas vivências no PAPP, foi possível ter uma compreensão mais abrangente do território ligado à Estratégia Saúde da Família (ESF), com suas condições geográficas, água tratada, habitação e saneamento, além de termos a oportunidade de conhecer diferentes realidades socioeconômicas e culturais. Nós pudemos analisar a renda, a educação, a ocupação e a cultura dos usuários do SUS. Conseguimos perceber o processo saúde-doença da comunidade abrangida pela ESF Panorama, na cidade de Alvares Machado.

O processo saúde-doença representa as variáveis que envolvem a saúde e a doença de uma pessoa ou população. Ele considera que ambas estão ligadas de maneira intrínseca sendo, portanto, consequência dos mesmos fatores.

Para o professor Milton Terris, do New York Medical College, a Saúde Pública é a arte e a ciência de prevenir a doença e a incapacidade, prolongar a vida e promover a saúde física e mental das pessoas, mediante esforços organizados da comunidade.

A visita domiciliar pode ser uma ferramenta importante nesse processo descrito pelo professor citado, pois a partir da escuta ativa é possível criar vínculos, compreender o processo saúde-doença de cada usuário do SUS e permitir que a equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) realize práticas individualizadas e eficientes para a promoção da saúde, ou seja, para a criação de ambientes saudáveis.

Durante as visitas domiciliares, foi possível perceber como essa ação é importante para os usuários do SUS com dificuldades de locomoção e com o humor deprimido. A pessoa que visitamos, um senhor de 52 anos, com ambos os membros inferiores amputados, em decorrência da Diabetes mellitus, fazia um tratamento acessório para episódios depressivos. Durante nossos diálogos com esse senhor, percebemos a existência de certa relação entre Diabetes mellitus com a depressão. Conseguimos observar como tal falto impacta negativamente na adesão ao tratamento. Ao chegarmos em sua casa, analisamos imediatamente seu semblante triste e à medida que realizamos a anamnese ele nos informou que após a morte da sua mãe, negligenciou ainda mais o auto-cuidado, comendo doces compulsivamente e não tomando a medicação corretamente.

A Facilitadora utilizou a Metodologia Ativa da Problematização para estimular a criação de um “Plano de Ação”, com foco na Linha de Cuidados (LC) das pessoas com Diabetes.

Entendi que o objetivo da LC da Diabetes se fundamenta em fortalecer e qualificar a atenção à pessoa com esta condição crônica, por meio da integralidade, da longitudinalidade e a coordenação do cuidado em todos os pontos de atenção.

A Facilitadora utilizou o “Arco de Maguerez” para estimular “reflexão-na-ação”.

Aprendemos, por meio da “Clínica Ampliada” a ver o usuário do SUS de forma integral e também, a nos importarmos com seu bem estar biopsicossocial, durante as visitas domiciliares.

Outro fato importante a ser pontuado, é como a realização visitas domiciliares me ensinou, na prática, a importância de um dos princípios do SUS: a equidade. Compreender diferentes realidades sensibiliza estudantes da área da saúde e nos ensina a importância da escuta ativa, olhar o usuário do SUS, de maneira a “dar mais a quem mais necessita”, migrando do modelo “biomédico” para o “biopsicossocial”, levando informação em saúde de uma forma clara e simples.

É muito importante que as populações negligenciadas recebam uma adequada atenção em saúde para prevenir doenças e promover a qualidade de vida

As visitas domiciliares se constituem em possibilidades práticas para a concretização do cuidado integral e equânime.

A Visita Domiciliar permite ao futuro médico, que ele tenha uma certa proximidade com as famílias, criando vínculos de respeito e confiança, para que ele possa desenvolver ações destinadas à promoção e recuperação da saúde.

Tivemos a oportunidade de realizar ações de educação em saúde, no terrotório da ESF, graças à VD, contando com a participação ativa do usuário do SUS que pode diminuir os índices de internações além de controlar os sintomas desagradáveis de doenças crônicas comuns.

Discente: Lorena Vitória da Silva Vieira.

Referência:

– ROCHA, Kátia Bones et al. A visita domiciliar no contexto da saúde: uma revisão de literatura. Psicologia, Saúde e Doenças, v. 18, n. 1, p. 170-185, 2017. Acesso em 01 de Maio – 2023

– Souza, Luis Eugenio Portela Fernandes. Saúde pública ou Saúde coletiva?. Revista Espaço Para a Saúde. Publicado em out/dez.2014. acesso em 01 de Maio – 2023.