Ameaça de extinção e o grande filtro

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Axioma: O grande filtro decorre de uma intoxicação causada por mau uso da racionalidade.

A teoria do “grande filtro” tenta explicar porque não há sinais de outras civilizações nessa região da Via-Láctea.

Em algum ponto da evolução da vida, talvez no surgimento de animais complexos (no passado, portanto), ou na revolução tecnológica (o período em que estamos agora), haveria um grande filtro. Ele impediria o desenvolvimento e proliferação interplanetária de espécies autoconscientes, como a humanidade.

Se for no surgimento de organismos multicelulares, a vida complexa é muito rara e já passamos pelo filtro. Não encontraremos companhia no universo tão cedo, mas pelo menos não seremos vítimas da autodestruição.

Por outro lado, se a vida for comum na galáxia, o grande filtro está em algum momento, entre o agora e o futuro próximo.

Nesse caso, o uso da racionalidade pode se dar ao modo do dilema do prisioneiro, do impasse mexicano ou da floresta sombria.

Assim, algo como a terceira guerra mundial seria frequente no desenvolvimento de civilizações planetárias. Ou seja, estaríamos condenados à decadência e extinção por efeito inerente ao próprio fato da nossa existência consciente e racional.

É uma perspectiva terrível. Mas, como hipótese, vale até que evidências possam decidir se é ou não o caso.

Pessoalmente, acredito que a cognição é parte de um fenômeno mais amplo de complexificação e desaceleração da entropia, como defende Edgar Morin, que leva a contextos futuros tão inimagináveis para nós, quanto a Internet seria para um camponês na idade média, ou para um caçador coletor, na idade da pedra.

Essa identidade futura que não pode ser imaginada agora, para efeitos gerais, é equivalente à extinção da espécie humana.

Nesse caso mudaremos tanto nos próximos séculos, que olhando em retrospectiva, os seres que poderemos nos tornar, não seriam capazes de se reconhecer em nós.

Meu olhar sobre a política é desta perspectiva e distanciamento. Os atores políticos são meros membros da espécie. Estão tão atados ao desenlace dos processos em que aparentam ser protagonistas, quanto os imperadores da idade antiga, estavam na ascensão e queda de seus reinos e impérios.

A marcha, seja qual for, segue indiferente às nossas distintas razões.