Atendimento de crianças com deficiências: como ocorre a humanização?

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Maria Edillayne de Assunção Silva¹; Maria Eduarda Birce Cotta²

¹Graduanda em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí (UFPI)

²Estudante de fisioterapia na Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Em 2001, foi elaborado o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar do Ministério da Saúde que busca estender o conceito de humanização para toda a instituição hospitalar “Humanizar em saúde é resgatar o respeito à vida humana, levando-se em conta as circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes em todo relacionamento humano, é resgatar a importância dos aspectos emocionais, indissociáveis dos aspectos físicos na intervenção em saúde” (BRASIL/PNH, 2001, p.33). Cada família reage de forma muito peculiar à notícia da deficiência, algumas passam por período de crise de aceitação mais curtas e outras apresentam mais dificuldades para processar o quadro apresentado pela criança.

A relação profissional-paciente e familiares é muito importante ao longo do tratamento, no qual deve-se oferecer informações que possibilitem ao indivíduo compreender as peculiaridades da deficiência e tenha a autonomia para escolher o melhor tratamento. A relação dos pais com a equipe responsável pelo tratamento, geralmente, é permeada por diversos sentimentos, tais como: insegurança em relação à competência da equipe e inibição para o questionamento acerca do que é realizado com a criança.

Dessa forma, quando se fala na humanização no atendimento de crianças com deficiências um dos pontos centrais é o reconhecimento dessa criança como ser social e único, garantindo espaço para que sejam ouvidas, expressem suas emoções e desejos, compreendendo da melhor maneira possível os meios pelos quais serão feitas essa comunicação com cada indivíduo, reconhecendo suas especificidades e características singulares. Na nossa sociedade, infelizmente, muitas vezes o sentimento delas ainda é invisibilizado e suas opiniões tidas como irrelevantes. “A voz da criança pode ser minimizada, não priorizada”.

Então, quando a gente tem uma equipe que pensa essa voz ou ajuda a ampliar essa voz, “o processo de cuidado tem muito mais qualidade”, afirma Dora Leite, coordenadora do Programa Child Life do Sabará. E, assim, se tratando de crianças portadoras de deficiência essa afirmação se faz ainda mais necessária, posto que além de estarem passando por uma fase de desenvolvimento, como a infância, elas ainda precisam lutar diariamente por respeito e lidar com as “barreiras” postas pela deficiência. Portanto, é inadmissível que qualquer profissional da saúde dispense a humanização no atendimento dessas crianças, para que elas sejam ouvidas e priorizadas, proporcionando um atendimento de qualidade e digno a elas.