Cultura indígena x adesão medicamentosa e o caminho para a manutenção da autonomia

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Os indígenas possuem vasto conhecimento tradicional e milenar, transmitido de geração em geração todo seu conhecimento, costumes, valores e crenças e é claro suas concepções de saúde. Presenciei um caso que ocorreu com um paciente indígena que precisou ser internado no hospital, onde foi prescrito um determinado comprimido por via oral, no entanto o paciente recusou com veemência o medicamento pois alegou não fazer efeito. Ele relatou que na sua tribo os membros geralmente só aceitavam que a equipe de saúde indígena administrem medicamentos por via parenteral, pois acreditavam que a cura só iria acontecer se tiver dor.

O fato do paciente ter recusado a terapia é grande problema, pois a falta de adesão ao tratamento é um grande entrave para a recuperação do paciente, podendo prolongar o tempo de permanência no hospital ou agravar seu estado de saúde e consequentemente aumentando os custos para o sistema. No entanto, por outro lado temos um individuo com fortes laços culturais, que tem suas próprias crenças e valores sobre a saúde, que não podem ser negligenciados ou desrespeitados por simplesmente não conhecermos a extensão de sua cultura.

Por fim, através de um longo diálogo da equipe multiprofissional com a ajuda de seu acompanhante  o paciente aceitou fazer o uso do medicamento. Observei que através de uma conversa acolhedora foi possível traspor as barreiras culturais e obter o a adesão ao tratamento, sem desrespeitar a autonomia do paciente. De fato o diálogo é uma grande ferramenta para solucionar todo tipo de conflitos, isso me faz refletir que muitas outras situações que ocorrem no cotidiano dos profissionais da saúde podem ser resolvidas da mesma forma, dialogando.