DISCUTINDO PNH NOS ESPAÇOS DE TRABALHO: FORTALECENDO A REDE NA PERSPECTIVA DA SAÚDE MENTAL
Alessandra Santos Cavalcante
Carlos Eduardo de Miranda Vasconcelos
Edilson de Moura Souza
Eliane de Melo Morais
Gildete Gomes dos Santos
Josefa Alves Feitosa
Helcimara Martins Gonçalves
Maria Derivalda Andrade
Raphaela Sophia de Paula
Esta postagem se trata de trabalho de finalização da disciplina a construção de redes sociais no campo de saúde mental, do curso de Especialização em Saúde Mental, da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, docente Sérgio Aragaki.
Com a implementação do Núcleo de Humanização do Hospital Escola Portugal Ramalho – HEPR, em junho de 2019, tornou-se possível a discussão sobre Política Nacional de Humanização – PNH nos espaços de trabalho, em parceria com a educação permanente da unidade, objetivando melhoria dos processos de trabalho, qualidade na prestação de serviço e o fomento à transferência do cuidado dos usuários e familiares do hospital e ambulatório de saúde mental dr. Alberto Magalhães do HEPR, para o seu âmbito familiar e territorial, por meio da clínica ampliada, tendo em vista a diminuição do sofrimento psíquico e reinternações psiquiátricas.
Para execução da proposta, utilizamos a metodologia ativa, que tomou forma através da problematização e reflexão coletiva dos trabalhadores sobre o serviço e as formas de melhorar e qualificar o cuidado. A partir dessas discussões, foi organizado um curso sobre a pnh, na modalidade semipresencial, de julho a setembro/2019, com carga horária (40h) distribuída em quatro (04) módulos, conforme as escalas de serviço da equipe multiprofissional (06 equipes) e temáticas a seguir discriminadas:
1) A história da loucura – da antiguidade à reforma psiquiátrica;
2) Novas abordagens em saúde mental;
3) Política nacional de saúde mental;
4) Matriciamento;
5) Acolhimento e classificação de Risco em saúde mental;
6) Grupo de trabalho de humanização-GTH.
O curso apresentou os seguintes resultados:
- 74,2% dos inscritos participaram do curso (58 inscritos);
- 100% dos participantes consideraram excelente o curso em relação à organização, temáticas e facilitadores;
- Houve proposições inovadoras em relação com base na PNH, entre as quais: implantação do grupo de trabalho de humanização da unidade, cujos componentes serão distribuídos a partir do planejamento das problematizações surgidas durante o curso; priorização para implantação do acolhimento com classificação de risco e matriciamento na unidade.
18 Comentários
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Quando nos referimos a humanização em saúde mental estamos falando sobre uma condição sem a qual é impossível ofertar um serviço resolutivo. O usuário de saude mental é um dos mais negligenciados em seus direitos. Refletir sobre o processo de trabalho em saúde mental sob a ótica da humanização e discutir este processo buscando respostas para as adversidades do serviço são iniciativas necessários, principalmente agora, em que os direitos sociais estão fragilizados.
Parabéns Helcimara e demais alunas e alunos do curso que venham a comentar essa postagem.
Gostaria mesmo de saber de vocês mais sobre os aspectos qualitativos que observaram como resultado do curso, acredito que os indicadores são importantes mas percebo a saúde mental como um campo muito vasto e ao mesmo tempo subjetivo.
Como vocês vem enxergando e enfrentando as mudanças na política nacional de saúde mental (RAPS) e o enfraquecimento da Luta Antimanicomial frente ao fim da Redução de Danos como política de governo?
Que papel vocês assumem na história da loucura a partir de agora depois deste curso e já que falaram em redes, qual a importância das Redes Sociais para a construção de uma outra comunicação em saúde, onde por exemplo a saúde mental não esteja estereotipada ás camisas de força e aos porões, mas mostre a potência do cuidado em liberdade.
Finalmente parabéns ao Professor Sérgio, um forte abraço em todos.
Raphael os módulos do curso transformaram-se em comissões de trabalho e transformação. Essas comissões estão elaborando planos de intervenção para o Hospital Portugal Ramalho dentre as quais implantação do acolhimento com classificação de risco e matriciamento entre o hospital e os CAPS, entre outras ações, acredito que em breve teremos mais notícias para compartilhar. Acredito que o princípio de tudo é educar e transformar a mentalidade daqueles que estão inseridos no processo de cuidar dentro do Hospital Psiquiátrico e reconectar os usuários com o território de modo que estes não retornem à internação. Grata pelo seu comentário reflexivo e provocador.
A importância desse trabalho desenvolvido junto aos profissionais do Hospital Escola Portugal Ramalho, primeiro e único hospital psiquiátrico público do estado de Alagoas, reside primeiramente em fomentar discussões sobre a saúde mental e principalmente sobre a qualidade na atenção e assistência às pessoas em sofrimento mental, que recorrem aos serviços da referida instituição. Pensar melhorias na assistência à essa parcela da população requer uma reflexão aprofundada em relação aos nossos conhecimentos, nossa postura e nossas práticas como profissionais de saúde mental na atenção à população assistida. Neste sentido, esse trabalho não só atingiu os objetivos traçados, mas foi além, ao gerar proposições baseadas no Programa Nacional de Humanização (PNH), com destaque para a implantação do grupo de trabalho de humanização (GTH) do hospital, proposta de implantação do acolhimento com classificação de risco e matriciamento na unidade, como resultados concretos apontados nas diversas discussões entre os profissionais presentes.
O debate da PNH, no âmbito de saúde mental, é de extrema importância para um atendimento de qualidade, no qual, o principal objetivo é promover um cuidado humanizado aos pacientes psiquiátricos. Sabe-se que estes pacientes, muitas vezes, são tratados como incapazes de participar do seu próprio cuidado, mas essa política os abrangem como protagonistas do auto cuidado. Para que isto ocorra de forma eficiente, é necessário um treinamento da equipe multidisciplinar e acompanhamento com os familiares com a finalidade de promover autonomia a estes usuários, reintegrá-los a sociedade e diminuir significativamente o número de reiinternacões .
Participar dessas das discussões da PNH nos espaços de trabalho foi uma das experiências mais prazerosas e produtiva dos meus 20 anos de SUS como trabalhadora de saúde. Os saberes se encontraram e se complementaram de tão forma, que, ao final, todos expressaram vontade de continuar o processo participando do Grupo de Trabalho de Humanização da Unidade Hospital Escola Portugal Ramalho, o qual foi dividido em Comissões: 1)Acolhimento com Classificação de Risco e Matriciamento; 2) Direitos dos usuários: 3) Antitabagismo; 4) Projeto Terapêutico Institucional – arte inclusiva; 5)Ativação do Conselho Gestor; 6) Valorização do Trabalhador; 7)Suporte e Ajuda Mútua a Famílias e Usuários. Tais Comissões foram formadas a partir da problematização da prática, tendo como referência a metodologia ativa, cujos nós-críticos foram categorizados e agrupados, formando temáticas e dando nome e vida às Comissões. Nossas reuniões são sistemáticas e já colheram bons resultados. Parafraseando nosso querido Paulo Freire: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”. Destaca-se aqui também, a maior aproximação e afeto entre os trabalhadores possibilitados pelas discussões em serviço. Paulo Freire também discutia sobre o amor em suas falas: “Eu nunca poderia pensar em educação sem amor. É por isso que eu me considero um educador: acima de tudo porque sinto amor”. “Educação não transforma o mundo, educação muda pessoas, pessoas transformam o mundo”.
Fantástica a iniciativa!!! Toda instituição deveria adotar.
A PNH adota esse objetivo, de modo que exista troca diária entre trabalhadores, gestores e usuários, e aja a efetivação dos princípios do SUS. A Política de Educação Permanente caminha lado a lado com PNH. Necessitamos fortalecer esse elo para viabilizar estratégias de implantação na saúde do nosso Município, Estado, País; mas antes de tudo, os profissionais da ponta precisam querer. Assim como vocês, grupo, aqui muito bem colocaram. Parabéns!!!
Parabéns a todos os envolvidos nesse projeto. A discussão sobre a PNH com profissionais que atuam diariamente com a realidade do Hospital Escola Portugal Ramalho, demonstra a reafirmação de uma intervenção profissional comprometida com as propostas da Reforma Psiquiátrica. Essa ação trás uma qualificação ainda maior aos serviços prestados e abre grandes possibilidades para a inserção destes usuários nos demais serviços disponíveis na RAPS.
A prática sobre a Política Nacional de Humanização (PNH), discutida no espaço de trabalho do Hospital Escola Portugal Ramalho (HEPR), trouxe resultados positivos e solidários para a afirmação da saúde como valor social, propôs reflexões a respeito da qualidade dos serviços ofertados e conhecimento para o enfrentamento de problemas que ainda permanecem como marcas dos serviços e práticas de saúde.
A apresentação dos conteúdos resultou em incentivo e adesão dos servidores, dessa unidade HEPR, para a continuidade nos trabalhos de humanização como um processo continuado da educação permanente.
Por Maria Madalena
OLÁ, COLEGAS! QUE ÓTIMA INICIATIVA!
O QUE PRECISAMOS MESMO É CONTAGIAR O SUS COM MAIS AÇÕES COMO ESSAS.
A PNH TEM CAUSADO TRANSFORMAÇÕES NOS MODOS DE CUIDAR E DE FAZER GESTÃO POUCO A POUCO, ACREDITANDO NA MUDANÇA. SABEMOS QUE HUMANIZAR AS PRÁTICAS DE ATENÇÃO E GESTÃO NO SUS NÃO É TAREFA FÁCIL, EVIDENTEMENTE EXISTEM MUITAS DIFICULDADES. TAIS BARREIRAS SERÃO QUEBRADAS AOS POUCOS, TRANSFORMANDO OS MODOS DE CUIDAR DE E GERIR A SAÚDE, BUSCANDO MAIOR AUTONOMIA DOS USUÁRIOS, TRANSVERSALIDADE E INDISSOCIABILIDADE ENTRE ATENÇÃO E A GESTÃO. ACREDITO QUE O TERMO HUMANIZAR ENVOLVE ACOLHIMENTO, ACEITAÇÃO E EMPATIA. É DISSO QUE PRECISAMOS… E É ALGO QUE PODE SER TÃO SIMPLES!
Por Edna Nunes
Ações como essas é de fundamental importância!! Parabéns!
Política Nacional de Humanização (PNH) busca garantir a construção de vínculos entre profissionais gestores, usuário e família. Isso mostra que é possível sim, trabalhar em conjunto e com o mesmo objetivo, proporcionar maior bem estar para todos.
A discussão da PNH na instituição psiquiátrica, que traz vestígios manicomiais, tem por finalidade dar nova perspectivas ao profissionais que atuam neste serviços, sobretudo valorizar as ações das políticas de saúde mental, reconfigurando as estratégias de cuidado, possibilitando a este usuário usufruir dos outros dispositivos da rede no território.
Parabéns colegas pela PNH. As temáticas discutidas no curso sao bem relevantes, tais como: As novas abordagens em saude mental, matriciamento e acolhimento e classificação de risco. Com a implantação desse trabalho , os usuários do SUS em saúde mental, só têm a agradecer.

Muito bacana ver este relato da discussão da PNH nos espaços de trabalho, revelando o potente compromisso da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas com a educação em saúde, e com a formação dos profissionais do SUS de Alagoas. Um evento que nas diversas falas dos participantes foi muito produtivo.
Parabéns ao Prof. Sérgio Aragaki e alunos envolvidos na organização desse importante evento!
Abraços
Emília

legal, boa iniciativa.
As discussões levantadas junto aos profissionais que atuam no HEPR, no decorrer desse curso, foram de grande importância para transformar o olhar de quem assiste ao que está necessitando de cuidados. A abordagem dos temas, junto a troca de experiências entre os participantes proporcionou reflexões acerca do que pode ser mudado, com o objetivo de prestar uma melhor assistência. Que projetos como esse se multipliquem, afim de fortalecer a rede e trazer benefícios aos que dela necessitam.
4) Discutindo a PNH nos espaços de trabalho: fortalecendo a rede na perspectiva da saúde mental.
Considero essa proposta muito importante e acho que ela deveria ser expandida e divulgada, para adoção por outros dispositivos de saúde, pois, ainda se observam muitas queixas relacionadas ao despreparo de trabalhadores de saúde para lidar com casos de saúde mental. Pacientes e familiares queixam-se com frequência de desrespeito e discriminação. Discutir com os trabalhadores e leva-los a refletir sobre formas de melhorar e qualificar o seu trabalho é um grande passo para a humanização do atendimento.
Por Carlos Eduardo de Miranda Vasconcellos
Ao ofertar através da educação permanente do HEPR a discussão sobre a Política Nacional de Humanização (PNH) com os trabalhadores de nossa unidade, podemos observar o quanto foi exitosa a iniciativa pelos resultados obtidos, e por propor uma reflexão coletiva a respeito da qualidade dos serviços ofertados possibilitando sua melhoria, mediante a qualificação de seus profissionais, o que resulta em mudança de práticas abordadas nas temáticas dos módulos, culminando com a implantação do grupo de trabalho de humanização na unidade com priorização para a implantação do acolhimento e classificação de risco com aumento do matriciamento, visando a redução dos reinternamentos, colaborando para a reinserção familiar e social, dos pacientes psiquiátricos.