O que temos definido como amor não pode vencer o ódio

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O caso é que identificamos o amor de modo equivocado. O amor, como o ódio, consiste numa intensidade da potência. Já o que temos chamado de amor é uma suavidade sem intensidade. Isso facilmente é confundido com impotência. Por isso o fascismo parece tão forte. Ele avança em sua intensidade, em sua potência e não na mera suavidade.

Ainda assim, a potência pode ser suave e maligna, algo como uma exaustão, onde o peso funciona como uma suspeita contra a vida. Isso é o que chamamos de o grande cansaço.

Suave foram os milhões de disparos nos aplicativos de mensagens, como Whatsapp e Telegram.  Silenciosos, mas intensos e malignos, cantos de sereia que seduzem os vulneráveis e cansados, para o silêncio da morte.

O que chamamos de amor é uma espécie de ilusão de que o conflito pode se resolver sem conflito.

O verdadeiro amor é uma contraface do ódio. Uma afirmação intensa da vida que é capaz de superar o ódio.

Amar é afirmar a vida intensamente. O ódio é negar a vida intensamente.

A suavidade é um disfarce silencioso, líquido que se infiltra, como arma que pode servir tanto a afirmação, quanto a negação da vida. A vida depende de uma luta intensa e apaixonada. Esse eterno movimento para adiante, para a reprodução e perpetuação da vida é a intensidade que o capitalismo quer usurpar da vida e tomar para si. O capitalismo é uma religião de negação da vida.