Vivência no CAPS Rostan Silvestre em Maceió-AL

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Este é um relato dos acadêmicos Kirlla Leão, Jasmine Rodrigues, Elma Marques e Lucas Chaves sobre a vivência no CAPS Rostan Silvestre, localizado em Maceió – AL, em que pudemos estagiar durante o internato em Saúde mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas, sob orientação do professor Sérgio Aragaki.

A experiência vivenciada no CAPS nos faz refletir sobre a vida além da consulta psiquiátrica. Encontrar uma pessoa sem saber qual seu CID ou o que a levou até ali nos faz olhar além de uma patologia – que é o que muitas vezes nos é ensinado, mas difícil de ser colocado em prática. Em um momento em que se busca patologizar até o que é essencialmente humano, poder não se concentrar nisso traz finalmente a sensação de enxergar quem o outro é, sua individualidade. O simples fato de não haver necessidade usar jalecos/uniformes já nos insere em um contexto em que o contato é horizontal, sem hierarquia ou estigmatização de quem está ali.

Antes de acompanhar as atividades do CAPS, passamos, inicialmente, por um hospital psiquiátrico e isso faz com que a diferença entre os dois ambientes chame mais atenção. O contexto do hospital psiquiátrico traz desassossego ao ver pessoas sem poder exercer sua autonomia e, na maioria das vezes, sem desempenhar nenhum tipo de atividade ou lazer. A sensação que traz é que não há como haver uma evolução positiva.

Por outro lado, poder frequentar o CAPS traz um olhar mais esperançoso pelo simples fato de ver o dia a dia acontecendo. Dentre algumas atividades que vivenciamos mais de perto, no grupo terapêutico, tivemos a oportunidade de ouvir histórias pessoais ou simplesmente partilhar como estávamos nos sentindo, nossas emoções, bem como raízes e importância dessas. No grupo de meditação, sempre refletíamos ali, enquanto grupo, como nós mesmos podemos ser agentes do nosso bem-estar. As oficinas de artesanato abriam espaço para que cada um pudesse falar o que pensavam uns dos outros, interagir, falar sobre pessoas importantes de suas vidas ou apenas colorir e relaxar.

Em relação às atividades fora do CAPS, tivemos a oportunidade de irmos juntos ao cinema, além do grupo de música que podíamos simplesmente notar a diversão genuína  – uma experiência extremamente oposta ao encontrado em hospitais psiquiátricos em que o dia a dia é preenchido com o ócio.

Infelizmente, por questões de horários não conseguimos participar de vários outros grupos interessantes como o de ouvidores de vozes e o grupo de fotografia, mas ouvimos a experiência de outros colegas que participaram, bem como partilhamos as nossas.

Nessa experiência, é interessante comentar que cada grupo tinha profissionais responsáveis advindos de áreas diversas como psicólogos, fonoaudiólogos, educadores físicos entre outros, e, através dessa convivência, é possível poder notar de perto o quanto uma equipe multiprofissional é capaz de contribuir e agregar seus saberes em nossa busca por saúde em todas as suas esferas.

Por último, gostaríamos de agradecer aos usuários e funcionários que nos recepcionaram e fizeram questão de nos acolher em cada um desses momentos tão importantes para nossa formação profissional e vida.