GONZAGUINHA DE MESSEJANA:Idéias que podem valer uma vida

9 votos

 

JORNAL OPOVO 04/08/2010 PAG 10
Saúde pública
Idéias que podem valer uma vida
Com ideias simples e inovadoras, profissionais da saúde pública têm alcançado grandes benefícios, como a humanização do sistema público, a redução da mortalidadee o aumento da qualidade de vida dos pacientes
Viviane Gonçalves 04/08/2010 02:00
 
 
 
Parto Humanizado
Um outro bom exemplo vem do Hospital Gonzaguinha de Messejana. Nos últimos três meses, a unidade de saúde tem realizado o maior número de partos no Estado. Por mês, são 480. O aumento poderia ser motivo de preocupação. Pelo contrário, está sendo comemorado. O acréscimo se deve principalmente à execução do “Parto que te Quero perto”. O projeto permite que o pai da criança acompanhe a mulher antes, durante e após o parto, transformando-o em protagonista.
 
”Ele participa de todo o processo. É responsável em dar massagens e caminhar com a gestante. Durante o parto, o pai pode até cortar o cordão umbilical e colocar a pulseirinha de identificação da criança. Isso ajuda a fortalecer o vínculo familiar“, explica o idealizador e diretor-geral do hospital, Euzébio Costa.
 
A iniciativa surgiu durante uma orientação com a antropóloga Marilyn Nations, no Mestrado em Saúde Pública. O projeto foi criado há um ano, baseado na lei 11.108, de 2005, que diz sobre a mulher gestante ter direito a um acompanhante durante o parto no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo os criadores do projeto, no início houve resistência de alguns profissionais de saúde. O receio era de que o pai pudesse ser agressivo, desmaiasse ou prejudicasse a higiene do local. “Nada disso ocorreu. A receptividade tem sido muito boa. As gestantes ficam sabendo do projeto e querem ter o filho aqui, com a presença do pai”, acrescenta a enfermeira Ineida Sales.
 
O projeto atende apenas os partos normais e não requer grandes investimentos. No Gonzaguinha de Messejana, são seis salas de partos. Hoje, cerca de 45% dos acompanhantes escolhidos são os pais da criança. “A presença do pai na hora do parto quebra paradigmas e fortalece a humanização do parto”, comenta a antropóloga Marilyn Nations. A expectativa é que o programa se multiplique pelas outras unidades de saúde do Município.
 
A dona de casa Rocicler de Abreu, 27, é uma das beneficiadas. Com seis centímetros de dilatação, ela aguardava ao lado do marido o momento mais especial da vida do casal. “Desde o inicio, a minha gestação foi muito tranquila. A participação do pai no processo foi fundamental”, comenta. Enquanto massageia a esposa, o auxiliar Márcio Braga, 23, mostra-se satisfeito com o projeto. “Quero acompanhar todas as fases da vida do meu filho. Esse dia será inesquecível”, afirma, horas antes do nascimento do primogênito, Régis.