Os Eleitores e as Eleições 2010 no RS.

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O texto a seguir foi construído a partir da análise do artigo do jornalista e especialista em disputas eleitorais Paulo Cezar da Rosa. A íntegra do texto está em: www.cartacapital.com.br/politica/cenario-eleitoral-em-definicao-no-rs. Este post é meu comentário ao texto do Paulo Cezar e direcionado aos dirigentes sindicais da saúde.

Não é fácil conseguir aliar precisão e serenidade na análise de um cenário político que se movimenta como uma tempestade. As vezes parece um tornado, mesmo. Mas aquela idéia dos três terços de eleitorado (um de esquerda, outro de direita e um terceiro flutuante) parece estar definitivamente sepultada em minha opinião.

A coisa parece mais com o cenário onde algumas vanguardas são capazes de tanger uma massa eleitoral com pouca instrumentação para lidar com a complexidade da informação. Em alguns momentos estas elites podem provocar estouros, como o que levou a eleição de Fernando Collor de Mello. Em outros, hegemonias mais estáveis, como a de FHC e a atual fase do Lulismo.

Ressaltando sempre que a hegemonia política se movimenta na direção da estabilidade econômica e desenvolvimento social. Para perceber isso o eleitorado não precisa conhecer nenhuma tese acadêmica. Basta perceber os sinais da economia no cotidiano.

Na redemocratização a divisão entre esquerda e direita era mais perceptível. Hoje, os polos que agregam elites intelectuais e econômicas (com suas respectivas fileiras dos agentes e cabos eleitorais que delas dependem economicamente) são os polos petista e anti-petista.

Só isso, a teoria das elites que tangem a massa (hora amorfa, hora calculista) do eleitorado, explica o lulismo e sua capacidade de influência junto a grande maioria que não declara imposto de renda, portanto indiferente aos escândalos de corrupção, mas atenta aos resultados práticos da gestão da economia.

Isso é importante para nós que trabalhamos da saúde porque provavelmente os gestores eleitos terão que se haver com mais investimentos em equipamentos e serviços de saúde. Com isso teremos mais contratos e convênios, mais empregos, mais procedimentos e menos sofrimento com a demanda reprimida.

Porém, mais dinheiro na saúde significa risco de mais corrupção, que compromete direitos e salários em terceirizações e escândalos. Tudo isso reduz os recursos disponíveis para remunerar o trabalho em saúde.

A recomendação técnica é ficarmos ainda mais vigilantes com relação aos investimentos em saúde. Especialmente com a provável aprovação da PEC 29 em 2011.