RESENHA PSICOLOGIA DAS HABILIDADES SOCIAIS

9 votos

RESENHA

PSICOLOGIA DAS HABILIDADES SOCIAIS
(Professora Mestre Roseli Hauer)

Del Prette, A. & Del Prette, Z.A.P. (2001). Psicologia das Habilidades Sociais – Terapia e Educação. Petrópolis. Vozes Editora.

Lima Filho, Abilio Machado . Maio/2010

 

Quando minhas ações são contraditórias, meu sentimento se submete e acaba aceitando uma ação por ter sentimentos que me colocam em embate comigo mesmo.
Meu colega de classe me pede o único material de estudo que possuo emprestado para que possa ele estudar sendo que dele vou ter falta para meu próprio estudo mesmo com toda esta efusão de sentimentos acabo por alguma desculpa qualquer aplicada em mim cedendo e fazendo o empréstimo a ele.
Isso com certeza me causará danos, não ficarei sossegado enquanto não reavê-lo e se possível antes da avaliação.
E que dizer de quando estou na fila do ônibus, o nosso famoso ligeirinho curitibano e alguém tenta burlar esta lei natural que é quase um acordo silencioso entre os indivíduos, a fila. O sangue me sobe, o coração avança o ritmo, me sinto automaticamente na obrigação de falar, de me manifestar ante aquela situação e é muito comum a irritação ser plena de palavras exigindo respeito e educação.
Ou que dizer de pedir algo no restaurante ou na lanchonete e o garçom simplesmente esquecer-se do que pediu e atender a outros que chegaram depois, ou até mesmo em sala alguma professora deixar quase em clara evidência que tudo que disser mesmo estando certo será errado aos seus ouvidos, oferecendo sempre atenção a este ou aquele outro aluno.
Note-se que cada situação, cada momento com seus achaques e reações vêm corroborar ao comportamento suas possibilidades que se apresentam dentro destes quadros apresentados, necessitam de atenção e de habilidades para que haja consenso e maneiras de se abordar cada situação, observando qual foi o estimulo e como se aplicará em si a ação.
Esta pequena introdução vem falar de Habilidades Sociais, uma das disciplinas do Curso Superior de Psicologia da Faculdade Evangélica do Paraná e aplicada pela Professora Mestre Roseli Hauer que me induziu a procurar e ler o livro “Psicologia das Habilidades Sociais – Terapia e Educação” (2001) de Del Prette e Del Prette.
Este livro é considerado como o primeiro de autores brasileiros sobre o tema de Treinamento de Habilidades Sociais (THS) dispostos em nove capítulos, destinados a profissionais de educação e saúde, contendo duas artes distintas.
Uma (1) faz discorrer sobre a conceituação, fundamentos, a história e o desenvolvimento dos estudos das habilidades sociais e a outra (2) se refere à avaliar e a promover as habilidades.
Nas suas páginas se vê a proposta em demonstrar que as dificuldades encontradas nas relações pessoais e nas ações interpessoais não são de caráter patológico ou oriundo de algum distúrbio, mas que vêm a atrapalhar a vida em sociedade, em determinado ambiente, por isso necessita de ações que previnam e manejem estas ações, para uma melhora de qualidade de vida.
Os autores criaram uma disposição bem fundamentada para demonstrar o tamanho de abrangência que é a THS em suas ocorrências, trazendo as indefinições e faltas que fazem parte da área, da necessidade de organizar os conceitos certos, as ações mais susceptíveis ao sucesso e modelos para que tudo aconteça de maneira coerente e mais efetiva.
Assertividade, Competência social e Habilidades são os fundamentos e cada um cria um conceito chave.
No primeiro capítulo é levantada uma discussão sobre características, o que é herdado e o que é aprendido. Como acontece este desenvolvimento e assim dá uma atualizada quanto ao ser biológico que é o dono das potencialidades e aprender a domá-las é crucial, discutem-se as chamadas predisposições genéticas que encaminharão a interatividade do homem e seu ambiente, bem como todo o processo desta aprendizagem e construção de um repertório pessoal de um comportamento social.
No segundo remonta à história da área e seus fundamentos, a assertividade proposta por Wolpe e outros autores americanos, a divulgação da aplicação do termo Habilidade Social (HS) em Oxford, por Argyle e outros, na Inglaterra. Hoje já é largamente reconhecido que a assertividade é apenas uma subárea de todo um contexto acadêmico amplo da HS.
A abordagem conceitual e explicativa vem no terceiro capítulo a THS e apresentada por modelos: assertividade, percepção social, aprendizagem social, cognitivo e até um modelo teorizando os papéis. Neste capítulo se concede discussão a explicar algumas dificuldades que o indivíduo encontra em suas relações interpessoais como déficit de repertório, a inibição que vem ser mediada com a ansiedade, a inibição cognitivamente resolvida e os problemas de percepção do onde e por quê.
Ao quarto capítulo dá definição e conceito e é onde encontramos os conceitos: Assertivo, Não Assertivo e Agressivo. Aqui é onde se estabelece padrões de identificações das características que lhes compõem o comportamento a cada situação que venha a ocorrer.
Já ao quinto somos apresentados aos elementos formadores da HS como os comportamentais, os cognitivo-afetivos, os fisiológicos e mais alguns, todos apresentados de maneira sistematizada por classes e subclasses e cada um definido e conceitualizado.
No sexto há uma dedicação ao treinamento e avaliação das habilidades como fator interventivo. É sugerido que haja planejamento para a aplicação correta decorrente de uma avaliação que vem achar os nós problemáticos deste aprendizado já absorvido e parte do indivíduo e que depois de identificados poderão ser trabalhados na procura de melhorar este repertório mal arquivado restabelecendo novos procedimentos para que haja superação nestes déficits sociais.
Há de se observar três itens: condições antecedentes, condições conseqüentes e o comportamento em si. Neste último são atentados sobre o que é déficit e o que é excesso, ansiedade, cognição e sentimento, contexto de situação e de cultura, e prima pela busca de objetivo e meta. Os autores mostram que se deve dar atenção à técnica de avaliação para que sejam consideradas e assim sugerem algumas abordagens como: entrevistas, inventários, desempenho e observação, anotações como auto-registro ou por observadores.
Alcançando o sétimo vemos as técnicas distintamente divididas por Técnicas Comportamentais e Técnicas de Reestruturação Cognitiva.
As primeiras foram destaques por Wolpe e Lazarus em seus estudos de Análise Experimental do Comportamento (AEC). Sendo as técnicas: ensaio comportamental, reforçamento, modelagem, modelação (real e simbólica), realimentação (verbal e videofeedback), relaxamento, tarefas de casa, dessensibilização sistemática.
As Técnicas de Reestruturação voltadas à cognição são as que mais agem nas relações como as crenças irracionais, os diálogos inibitórios, a expectativa equivocada de auto-eficiência, suposições negativas e estilos de atribuição inadequados e incertos. E está na Reestruturação cognitiva visar a valorização dos direitos próprios e do outro (interlocutor), identificar o que é inadequado e si e no outro, trabalhar outras maneiras de identificação e avaliação e principalmente os próprios estilos de atribuição e buscar ser mais real e efetivo.
No oitavo surgem propostas e algumas sugestões na formação e criação de estratégias de THS com alguns exemplos já formatados de ações individuais e de grupo, considerando o que de homogêneo e de heterogêneo há em cada problema, formação de grupo e seus tamanhos, atuação de papéis, a dinâmica de uma sessão, como estruturar o programa e seus itens como: duração, local e equipamento. Todo baseado na ética desta condução interventiva.
Enfim chegamos ao último capítulo onde os Del Prette falam da aplicação do THS e sua amplitude principalmente na are clínica e de educação, na primeira são as intervenções terapêuticas aplicadas a mais variadas patologias como: transtornos de afetividade e ansiedade, à esquizofrenia, manejo da timidez, o isolamento pessoal e social, os problemas em familiares e matrimoniais entre tantas. Na área da educação são levadas mais como preventivas, em ensino específico e ao ensino regular, onde pode ser aplicado a todos os indivíduos envolvidos, administrativo e funcionários, corpo docente e alunos.