Cesariana prejudica relação afetiva entre mãe e bebê, diz estudo.

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Nos últimos dias temos tido um debate interessante sobre a necessidade de se implementar o parto normal frente ao excessivo número de cesarianas praticadas no Brasil. Gradualmente, a cesariana foi deixando de ser uma necessidade imposta por dramáticos quadros obstétricos para ser a primeira opção frente a neessidades mercadológicas de ganho o que levou a mercantilização do medo da dor e do mito de que o corpo da mulher teria comprometimentos estéticos diante do parto normal. Uma rápida pesquisa mostra uma enorme quantidade de estudos que sianlizam os riscos que a cesariana pode provocar tanto para o bebê quanto para mãe, alguns destes riscos inclusive podendo ter consequências para a vida toda. Vejam, por exemplo, este estudo que assinala virtuais problemas na relação afetiva entre a mãe e o bebê com consequências psicológicas muito importantes, embora, como quase sempre acontece em estudos acadêmicos, haja o cuidado de se relativizar as conclusões. "Mães que dão à luz naturalmente respondem mais ao choro dos filhos do que as que fazem parto por cesariana, sugere uma pesquisa americana. Tomografias dos cérebros de 12 mães realizadas poucas semanas depois de elas darem à luz mostraram mais atividade em áreas ligadas à motivação e emoções nas que escolheram o método natural de nascimento. A equipe da Universidade de Yale afirma que as diferenças nos hormônios gerados no nascimento podem ser a peça-chave para explicar o fenômeno. As contrações, principal característica do nascimento natural, provocam a liberação da oxitocina, um hormônio que os cientistas acreditam que desempenha um papel fundamental no comportamento das mães. O parto por cesariana não libera o mesmo hormônio. Depressão O estudo mostrou que além das diferenças de atividade em áreas do cérebro responsáveis pela resposta aos filhos, a região do cérebro que regula o humor também foi afetada de forma diferente. Por isso, os cientistas acreditam que o parto por cesariana pode aumentar o risco de depressão pós-parto. O pesquisador James Swain, que liderou a equipe de Yale, disse que a pesquisa ajuda a explicar as reações químicas que envolvem a ligação afetiva entre mães e filhos. "Nossos resultados apóiam a teoria de que as variações de condições de parto como as que ocorrem na cesariana, que alteram experiências neuro-hormonais no nascimento, podem diminuir a resposta do cérebro da mãe no começo do período pós-parto", afirma o estudo. Para o professor James Walker, da faculdade britânica Royal College of Obstetricians and Gynaecologists, já se observou que mães que fizeram cesariana às vezes têm problemas de se relacionar com seus filhos. No entanto, Walker afirma que os motivos por trás dessa diferença de comportamento ainda não são conhecidos. Walker ressalta que diferenças de personalidades – e não apenas a diferença no método dos partos – poderiam explicar a diferença na reação das mães analisadas pela pesquisa da equipe de Yale. Ele também afirma que não há estudos de longo prazo que comprovam que mães que deram à luz por cesariana mantém problemas de relação com o filho no longo prazo. "Não há dúvida de que muitas mães que fizeram cesariana se tornaram ótimas mães", diz. Fonte: https://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080904_bebe_parto_dg.shtml