Política de Inclusão Social- Cinema na Praça em Paracambi

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Solo es posible transformar la Realidad viéndola de otra manera.” (Franz Kafka)
As questões dos direitos dos grupos vulneráveis são desconsideradas pelos mais favorecidos por não serem diretamente atingidos. Para uma estratégia de política de integração social eficaz é indispensável a intervenção na comunidade que toque/transforme o imaginário social, para que as reivindicações se estendam às maiorias e possam por elas serem assumidas como compromisso, estabelecendo pauta de condutas públicas – de cidadania. A cidadania implica na relação de compromisso com a cidade – com a forma pela qual ela se desenvolve. Cidade humanizada é quando esse desenvolvimento corresponde às necessidades reais de seus habitantes. Este trabalho tem como objetivo apresentar o Projeto de Intervenção Social realizado em Paracambi, município onde se encontra um dos maiores parques manicomiais. Para isso foi utilizado o cinema em praça pública como ação de intervenção comunitária para transformar o imaginário social. Paracambi no Estado do Rio de Janeiro oferece poucos recursos, sofrendo com a falência de empresas que movimentavam sua economia. O manicômio surge como pólo empregador criando-se uma cultura asilar excludente. A Casa de Saúde Dr. Eiras pelas degradantes condições que oferece está em processo de intervenção municipal. A sua extinção leva à construção de uma rede de serviços: As residências terapêuticas. Essa nova forma de vida implica em construir com os moradores a participação integrada na cidade. Durante 12 meses, os pacientes participaram do cinema ao ar livre, junto com a população. Paralelamente, foi realizada uma pesquisa quantitativa em três etapas, para avaliar o resultado dessa interação e sua influência sobre a representação da loucura no imaginário popular. Os dados foram obtidos através de um questionário estruturado de perguntas abertas e fechadas, com moradores de Paracambi, totalizando 800 consultas pessoais em pontos de fluxo, segmentadas por idade e número de habitantes por região pesquisada o que possibilitou 95,5% de coeficiência nos resultados. de opinião pública para mensurar os efeitos das exibições sobre o imaginário da loucura. Os resultados da pesquisa mostram que a experiência fez refletir sobre as condições de vida dos portadores de sofrimento psíquico, que 63% da população passou a concordar com o fechamento do hospício, no entanto a palavra “fechamento” é forte e significativa. traz à memória a exclusão e, como conseqüência a marginalização social, vivida pelo povo de Paracambi, já que, mais forte do que a loucura é o sofrimento da precariedade do trabalho, como resultado do “fechamento” das fábricas. Isto fez com que a cidade perdesse o seu instrumento de poder social. Para vencer a resistência de uma cultura de exclusão é necessário transformar a lógica em que essa cultura foi produzida; usar artifícios de mediação mais instrumentalizados, mesmo que de forma indireta mas com a indispensável participação social para dar poderes, resgatar o contrato social e restabelecer o Estado de Direito do qual a população fôra privada. –
O projeto inicia a sua segundo fase construindo ações em parcerias com Secretaria de Meio Ambiente, Secretaria de Educação , Secretaria de Saúde (Saúde Coletiva e Programa de Saúde Mental), Secretaria de Turismo e Cultura, Secretaria de Esporte . As novas açoes têm como objetivo ampliar as políticas públicas que possam produzir qualidade de vida.

Gina Ferreira – Coord. Projeto Cinema na Praça – Intervenção na Cultura
 Patrocínio Petrobrás- Apoio Prefeitura Municipal de Paracambi