Saiba quais maternidades vão apoiar outros serviços na Rede Cegonha

15 votos

Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Nazaré ( Boa Vista – RR), Hospital Risoleta Neves ( Belo Horizonte – MG), Hospital da Universidade Federal do Maranhão ( São Luiz – MA), Maternidade Escola Assis Chateaubriand ( Fortaleza – CE), Maternidade Balbina Mestrinho ( Manaus – AM) e Maternidade Dona Regina ( Palmas – TO). 

Estes são os seis serviços selecionados pelo Ministério da Saúde como Centros de Apoio da Rede Cegonha. As instituições vão apoiar a qualificação da gestão e atenção à saúde em outros serviços da Rede que estão próximos a eles e integram a Rede Cegonha, como foco na qualificação da assistência obstétrica e neonatal orientadas pela humanização e pelas práticas baseadas em evidências científicas; gestão participativa, com envolvimento do controle social; monitoramento e avaliação . A novidade foi anunciada  durante a Reunião de Apoiadores da Rede Cegonha que aconteceu em Brasília –DF de 24 a 26 de abril.

 

A partir do mês que vem, na primeira fase da Formação desses serviços como  Centros de Apoio,  equipes de cinco profissionais de  cada instituição vão passar pela formação no Hospital Sofia Feldman, localizado na capital mineira e que é referência no Brasil para as boas práticas do parto e nascimento. Os trabalhadores juntamente com os apoiadores temáticos da Rede Cegonha, vão traçar um plano de trabalho de cada instituição para avançar no atendimento ao parto e nascimento de forma humanizada. “A proposta é construir uma rede de colaboração entre esses Centros de Apoio”, disse a técnica da Saúde da Mulher Sônia Liêvori, que inclusive tem o Hospital Sofia Feldman como objeto de estudo de seu mestrado.

De Manaus, a apoiadora Loiana Melo planeja reunir as outras oito outras maternidades da cidade para compartilhar a novidade e pensar juntos, como utilizar a experiência da Maternidade Balbina Mestrinho como ferramenta para que os demais serviços também avancem. “Apesar das dificuldades, mostramos que é possível mudar a assistência”, disse. E a apoiadora temática da Rede Cegonha Benta Lopes disse estar duplamente satisfeita, pois as duas maternidades que ela apoia – em Roraima e no Maranhão – foram selecionadas. “ Isso fortalece o serviço e a equipe, vai aumentar nosso trabalho mas será um bom indutor de novas mudanças. É o SUS dando certo no norte e nordeste do Brasil”, disse.

 

 

A reunião em Brasília contou  com mais de 80 apoiadores da Rede Cegonha e Saúde da Criança de todo o país.

 

 

 

 

 

 

Seleção

Para a escolha, os apoiadores desta Rede indicaram,  no fim de 2012,  16 serviços de todo o país, com base em suas boas práticas no parto e nascimento. A partir da indicação, foram realizadas visitas técnicas  de outubro do ano passado a janeiro de 2013, por uma equipe composta pela consultora da PNH referência para a Rede Cegonha Célia Nicolotti, apoiadores da PNH nos territórios,  e representantes das áreas técnicas de saúde da mulher, saúde da criança e do Hospital Sofia Feldman, de Belo Horizonte- MG. A equipe realizou rodas de conversa com os gestores e trabalhadores de cada um dos 16 serviços indicados,  para falar sobre diferentes componentes das boas práticas de humanização do parto  e apresentaram a proposta dos Centros de Apoio. Para que participassem das visitas técnicas de seleção, os serviços tinham  que ser 100 % SUS, atender mais de mil partos por ano, atender risco habitual e alto risco, ter gestores comprometidos com a mudança, a ambiência adequada, contar com enfermeiros obstetras realizando parto normal, e realizar assistência humanizada às mulheres em situação de violência e abortamento.

Ano que vem, será verificado se o Centro de Apoio continua coerente com as Boas Práticas de Atenção ao Parto e Nascimento, para obtenção de certificação. Futuramente,   tanto os serviços que participaram desta etapa quantos outros que apresentem experiências expressivas na atenção obstétrica e neonatal poderão ser incorporados como Centros de Apoio.

A apoiadora Adriana Melo da maternidade cearense selecionada, acredita que a conquista favorece o olhar dos profissionais sobre seu próprio trabalho, principalmente pois serão visitados por outros serviços, e deverão ser exemplo. “Se participar da seleção foi um ganho, imagina ser selecionado! É uma satisfação ver que nosso trabalho, desde 2009 foi valorizado e que bom que a gestão apostou nas diretrizes da PNH para as mudanças”, disse. De fato,   dos seis serviços selecionados, cinco deles fizeram parte do Plano de Qualificação das Maternidades e Redes Perinatais da Amazônia Legal e Nordeste, iniciativa da PNH e áreas técnicas da Saúde da Criança e Saúde da Mulher que levou o apoio institucional a 26 maternidades da região entre 2010 e 2011 e pode ser considerado um precursor da Rede Cegonha.

Para a terapeuta ocupacional do Hospital Sofia Feldman Erika Dittz, que fez parte da comissão de seleção, este fato mostra um resultado do investimento que o Ministério da Saúde tem feito nas maternidades dessas regiões, implantando as diretrizes da PNH desde 2010. Saiba mais sobre o Plano de Qualificação das Maternidades e Redes Perinatais da Amazônia Legal e Nordeste, neste link

 

Reunião de Apoiadores da Rede Cegonha
A reunião em Brasília contou  com mais de 80 apoiadores da Rede Cegonha e Saúde da Criança de todo o país. 
A atividade de três dias foi espaço de formação dos apoiadores, que puderam ouvir várias palestras e ter contato com experiências atuais de boas práticas: no primeiro dia, o pesquisador do Instituto Fernandes Figueira Marcos Dias falou sobre as Boas Práticas do Parto e Nascimento; a representante da Organização Panamericana da Saúde Maria Helena Bastos apresentou modos de atenção ao parto seguro e saudável,, com base no modelo inglês e a   a enfermeira obstétrica Neuci Muller, de Belo Horizonte, trouxe  vários exemplos de modelo de parto centrado na gestante e no bebê, e a enfermeira obstetra Kelly, no Hospital Sofia Feldman desde 2007, falou sobre o processo de construção e funcionamento da Casa da Gestante Zilda Arns, inaugurada em 2010 em prédio anexo ao Hospital. 

O segundo dia de atividades contou com a professora da Universidade de Brasília Paula Furlan, abordando os desafios e possibilidades do trabalho em grupo nas maternidades; e  a técnica do IFF Maria Gomes tirou as dúvidas sobre o sistema de informação Sisperinatal.

No último dia, o consultor da PNH Paulo Morais apresentou o projeto de apoio à saúde indígena ( em andamento) e  a professora da Universidade Federal do Espírito Santo Maria Elizabete Barros compartilhou sua experiência de apoio institucional em Cariacica – ES. Segundo ela, os apoiadores precisam contagiar os demais trabalhadores do serviço e fazer deles, novos apoiadores das boas práticas do parto e nascimento. “Fazer apoio institucional não é idealizar aonde se quer chegar, mas valorizar a experiência cotidiana, as pequenas mudanças, pois elas constroem o futuro daquele serviço de saúde”, disse. Várias apoiadoras relataram suas diferentes iniciativas de apoio e como encontraram brechas em eventos e outras atividades para construir os espaços de divulgação das boas práticas de humanização do parto e nascimento em suas cidades.

“ Esta reunião de trabalho é importante pois com base nos conceitos lançados ao longo dos três dias, os apoiadores passam a entender a sua realidade e buscam como lidar com os impasses na implantação das boas práticas", afirmou o consultor da PNH Serafim Santos, que finalizou a programação com o tema do Planejamento, Monitoramento e Avaliação. Este assunto será o foco de uma nova formação para parte do grupo, em maio.