Os desafios do Pará, na prática da PNH

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Por Luiz Henrique Machado

Estado de extensões continentais, o Pará tem na longa distância um dos grandes desafios administrativos. Não bastasse isso, chegar aos quatro cantos, levando alimentos, medicamentos e programas de saúde exige boa estratégia e, principalmente, boa estrutura e equipes cheias de boa vontade. Na região, muitas vezes, os barcos são as únicas alternativas de transporte e para chegar a alguns destinos levam vários dias na água. Ninguém está livre deste desafio, nem mesmo quem executa as ações de saúde e humanização junto aos povos.

Guilherme Martins em entrevista  ao portal (En)Cena

No Estado, foi em 2006 que as primeiras ações de humanização surgiram. Em 2007, o trabalho ganhou força e hoje, segundo Guilherme Martins, Coordenador Estadual de Humanização – Secretaria Estadual de Saúde do Pará SESPA, os avanços são notórios, graças aos investimentos no coletivo, que reúne hospitais públicos do Estado, dos municípios, Câmara Técnica, e outros grupos. O projeto é voltado, inclusive, para atender aos povos indígenas, cuja presença é marcante no Pará.

Guilherme Martins esteve com equipe do Portal (En)Cena, durante o I Encontro Norte de Humanização, entre os dias 20 e 21 de maio, em Manaus.

(En)Cena: Qual a avaliação que se faz desde que a Política Nacional de Humanização – PNH, começou a ter suas primeiras ações no Pará? Pode-se dizer que os resultados são positivos?

Guilherme Martins: Sem dúvida. Eu tive oportunidade de entrar [na administração Estadual] em 2007, mas quando cheguei o trabalho já tinha sido iniciado em 2006. O diferencial de lá para cá foi a capilarização da política com os municípios do interior, investindo na formação de novos apoiadores para que atuem com a contingência da nossa região. Um Estado extremamente grande, territorialmente falando, com grandes dificuldades de acesso e a aposta que a gente faz é investir na região.

(En)Cena: Sendo a dificuldade de acesso um desafio para o Estado, no seu ponto de vista, como é fazer humanização, prestando os melhores atendimentos e também perceber as necessidades do povo?

Guilherme Martins: É um desafio, na verdade, para o país todo, ter uma região tão grande, necessitando de investimentos fortes, no sentido de estrutura, de equipamentos, pessoal. Mas no sentido de humanização, a resposta é que, por incrível que pareça, nos municípios do interior é onde se percebe maiores necessidades e há maior valorização desses investimentos, tanto na formação, preparação de novos atores para atuar no serviço do SUS [Sistema Único de Saúde].

(En)Cena: Como é o trabalho feito junto aos indígenas? Como é tratar os brancos, digamos assim, e tratar os indígenas?

Guilherme Martins: O desafio primeiro é pensar a saúde indígena como SUS, porque existe um subsistema de saúde que acaba funcionando como um órgão à parte. A proposta na verdade é que seja tratada como um espaço comum e dar condições para que sejam respeitados os direitos, culturas e as diferenças, e que eles possam transitar nos espaços do SUS com os mesmos direitos que nós temos de ir e vir. Mas o desafio maior é compreender as necessidades deles, dar contingência às demandas que surgem.

(En)cena: O  apoiador, nesse caso, é um indígena ou não?

Guilherme Martins: Na verdade, quando a gente constitui grupos de coletivo de humanização dentro dessas regiões, a gente também investe naquele trabalhador que é indígena, que atua nos polos ou nos distritos. Não só eles, mas pessoas que integram a equipe, o coletivo de humanização daquele território. Então, são muitas etnias, são vários distritos. A gente tem um trabalho que iniciou numa média de quatro etnias. Acho que é um débito do SUS em relação ao indígena. A gente, na verdade, na região Norte, está sendo a frente prioritária, então o coletivo de colonizadores na região tem seu plano a ser atingido por uma prioridade, para humanização mais ampla.

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