TRATE

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                                                 TRATE

             (Centro de Reabilitação e Reintegração de Crianças com Autismo)

Esta é uma história diferente, aliás, como tudo que vem acontecendo em nossas vidas, tanto nos âmbitos profissionais como pessoais; somos Ana Paula Rios e Luana de Freitas, psicólogas do Município de Arapiraca-AL .
Bem, agora vem a história… Eu (Ana Paula) comecei meu trabalho como psicóloga no município em junho de 2007 (Psicóloga Infantil) no CEMFRA – Centro de Medicina Física e Reabilitação do município, e desde então, sempre eram encaminhadas crianças com Autismo para serem atendidas.
Autismo é uma desordem na qual uma criança jovem não pode desenvolver relações sociais normais, se comporta de modo compulsivo e ritualista, e geralmente não desenvolve inteligência normal. O autismo é uma patologia diferente do retardo mental ou da lesão cerebral, embora algumas crianças com autismo também tenham essas doenças. Sinais de autismo normalmente aparecem no primeiro ano de vida e sempre antes dos três anos de idade. A desordem é duas a quatro vezes mais comuns em meninos do que em meninas. A causa do autismo não é conhecida.
Uma criança autista prefere estar só, não forma relações pessoais íntimas, não abraça, evita contato de olho, resiste às mudanças, é excessivamente presa a objetos familiares e repete continuamente certos atos e rituais. A criança pode começar a falar depois de outras crianças da mesma idade, pode usar o idioma de um modo estranho, ou pode não conseguir – por não poder ou não querer – falar nada. Quando falamos com a criança, ela freqüentemente tem dificuldade em entender o que foi dito. Ela pode repetir as palavras que são ditas a ela (ecolalia) e inverter o uso normal de pronomes, principalmente usando o tu em vez de eu ou mim ao se referir a si própria. Sintomas de autismo em uma criança levam o médico ao diagnóstico, que é feito através da observação. Embora nenhum teste específico para autismo esteja disponível, o médico pode executar certos testes para procurar outras causas de desordem cerebral. O autismo é mais comum em crianças que a AIDS, Câncer e Diabetes juntos.
  Sendo assim, a instituição não conseguia atender as necessidades e especificidades do transtorno, com isso essas crianças não eram atendidas, gerando assim, uma lista de espera, que na ocasião começou a nos incomodar Luana e eu. Luana havia chegado à instituição em Janeiro de 2010, para realizar atendimentos apenas com adultos. No inicio do ano de 2011, começamos a estudar uma forma de assistir essas crianças, assim como os familiares.
Em maio do mesmo ano, começamos um grupo de apoio as famílias, trabalhando a angustia, os preconceitos, as frustrações, os medos, como também um trabalho de reflexão e psicoeducação acerca do tema. Além dos encontros semanais e sistemáticos com as famílias, começamos a realizar visitas domiciliares, com o objetivo de conhecermos um pouco mais as crianças, uma vez que a instituição não comportava a vinda delas, além das dificuldades em torno do próprio transtorno. A partir dos encontros e das visitas, começamos a perceber melhoras significativas na família e conseqüentemente no comportamento das crianças, o que mais nos chamou atenção nesses comportamentos é auto-agressividade que as crianças geralmente apresentam quando postas em situações angustiantes. Um caso que representa isso é o de Pedro:
Pedro tinha na ocasião seis anos e falava pouca coisa, não usava a fala com a intenção de se comunicar. Quando estava com fome ou queria algo, mordia as mãos com muita força, ferindo-as. Com esta atitude a mãe percebia que Pedro queria algo. Pedro começou ter um bom desenvolvimento quando começou a usar o Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS), e através dele passou a se comunicar. Hoje Pedro tem sete anos e usa a fala para se comunicar, apesar de limitada; diminuiu a auto-agressividade, e a conseqüente diminuição da angustia familiar. Ele começou a apresentar evolução quanto o quadro de auto-agressividade muito rápido, as visitas contribuíram muito, uma vez que ele não freqüentava a instituição, o fato de irmos até a criança sem tirá-la do seu ambiente seguro, facilitou o nosso trabalho.    
Foi então que em outubro de 2011, percebemos que precisaríamos um espaço adequado que atendesse a demanda que assim chegava até nós. Então decidimos montar um local adaptado para oferecer atendimento a crianças com autismo. Nesse local, a proposta era montar um quarto, cozinha e sala para treino de AVD’s (atividades de vida diária). Pedimos ao diretor de nossa instituição que nos disponibilizasse um local que servia como depósito, local este que precisaria de reformas e adaptações; conseguindo este primeiro, veio então uma nova jornada… Conseguir a reforma e tudo que fosse necessário para atender as crianças. Foram mais de 46 empresários que nos ajudaram, e hoje temos o ESPAÇO TRATE (Reabilitação e Reintegração de Crianças com Autismo). A ajuda dos empresários veio das formas mais variadas possíveis como: Mão de obra, tintas, massa corrida, forro de PVC, paredes de gesso, portas, armários, birôs, cadeiras, sofás, mesa de reunião, computador, impressora, TV, DVD, cama, cômoda, geladeira, fogão, mesa, liquidificador, bujão de gás, portas, cadeados, ar condicionados (cinco), entre outros.
Ganhamos também um galpão que no momento vem sendo construído, pois hoje o Espaço Trate assiste 72 famílias e esse número vêm crescendo. Por isso que dia 6 de dezembro de 2012 inauguraremos a ampliação do espaço, com Sala de Integração Sensorial, sala de estimulo visual e sala do Teacch.
Graças à parceria público privado, conseguimos oferecer um atendimento humanizado que segue as diretrizes do SUS.