crônica da vida cotidiana na RHS – Humaniza, SUS! 6 de outubro de 2013
John Singer Sargent, "Mountain Fire", c. 1905. Watercolor.
Ler o documento HumanizaSUS – a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão no SUS, do Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização, produz em mim a saída para o impasse que o grande número de postagens trouxe esta semana.
Como passear pela profusão de posts, cada vez maior em nossa rede, e "escolher" os mais relevantes para chamar a atenção para a leitura e participação com comentários? Que critérios podem ser guias de uma escolha, quando se percebe que um simples "Olá, amigas!" em
https://redehumanizasus.net/66286-ola-amigas é índice de um desejo de pertencimento e participação que ganha a nossa acolhida amorosa? Ou a entrada de Cícero ( Inajá – Pernambuco ) para apenas deixar um registro da bela foto da Quinta Conferência Nacional de Saúde Indígena em: https://redehumanizasus.net/66240-fotos-da-conferencia.
Apenas? Cícero fala de seu desejo de "Ser Tecnico em Saúde Pública, e dá o melhor de mim em defesa do Usuário do SUS."
De que relevância se trata aqui? O que pretende uma rede virtual de discussão e divulgação das práticas de um SUS que dá certo? E, por consequência, prá que serve uma crônica semanal?
Penso que aqui também se pode aplicar o desejo de universalidade, equidade e integralidade que norteiam a política HumanizaSUS. Cada um que chega com seus posts é mais um a compor a partitura, a sinfonia de múltiplas vozes e temas neste espaço de rede-afeto. Todos são relevantes na composição.
Podemos dizer, seguindo as indicações de Edu Passos, nesta altura dos acontecimentos na RHS: temos um plano de produção de um comum que mantém diversos universos existenciais em relações complementares de contraponto. Como numa sinfonia, cada um tocaria uma nota que entraria em correspondência com a nota tocada por outro, constituindo um acorde(o) ou um plano sinfônico. Sintonia. Encontro. Como é bom poder tocar um instrumento, disse o Caetano.
Sintonia que se mostra evidente nas práticas que aqui comparecem sob a forma de posts perpassados pela idéia de humanização como norteador.
"A Humanização, como uma política transversal, supõe necessariamente que sejam ultrapassadas as fronteiras, muitas vezes rígidas, dos diferentes núcleos de saber/poder que se ocupam da produção da saúde", diz o documento HumanizaSUS (p. 7 ). Dona Josefa, num ato performático descrito no post
https://redehumanizasus.net/8544-lula-e-dona-josefa , interpela o ex-presidente Lula para reinvindicar direitos. Neste mesmo movimento, relativiza as fronteiras entre o saber/poder médico e o saber popular de sua prática de cinco mil partos. Beleza pura no questionamento das verticalidades.
"Tomar a saúde como valor de uso é ter como padrão na atenção o vínculo com os usuários, é garantir os direitos dos usuários e seus familiares, é estimular a que eles se coloquem como atores do sistema de saúde por meio de sua ação de controle social, mas é também ter melhores condições para que os profissionais efetuem seu trabalho de modo digno e criador de novas ações e que possam participar como co-gestores de seu processo de trabalho". A Tenda do Conto, divinamente contada pela doçura de Jacqueline Abrantes na entrevista para o Café Filosófico, é um dos exemplos de práticas inventivas e potencializadoras de tudo o que foi dito acima. Veja em:
e https://redehumanizasus.net/66253-tenda-do-conto-na-ii-oficina-de-curadoria-da-iv-mostra-da-atencao-basica
A diretriz "incentivar práticas promocionais de saúde" nos vários níveis de atenção se concretiza em inúmeros posts, como:
Comitê Regional de Aleitamento Materno do Médio Vale do Itajaí SC reuni-se 02 10 2013
As práticas de co-gestão, o mapeamento das experiências e discussão sobre as situações atuais da rede das experiências relacionadas as diretrizes e dispositivos da PNH em Santa Catarina está em:
II MOSTRA DA POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH) NO ESTADO DE SANTA CATARINA (SC)
Por fim, um "mundo" de ações criativas pelo Brasil afora ganha visibilidade em:
os editores/curadores da RHS
Por Marco Pires
Tocar: Fazer contato.
Tocar: Produzir reverberação, repercussão, fazer um som…
Não podemos viver em um mundo nem mais, nem menos, do que humano?
Ou podemos nos desvincular de qualquer provincianismo e fundar a transcendência na imanência da matéria que compões a nós e a tudo mais, animado e inerte, que nos cerca?
Um toque humaniza o espírito e faz o humano religar-se ao espírito das coisas.
Um mulher que entrega uma nota sonora em resposta a um toque.
Um homem que cora em resposta a um olhar.
Tocar, evocar, fazer mover-se, ir e deixar vir…
Se o humano é extraordinário, é o comum que é o bem e o belo.
Todo o relevo é relevante, toda a alma vale a pena, até a pequena…
Um beijo, um toque. Um abraço, uma nota dissonante.
O contato interrompe nossa monótona solidão.
Dá sentido ao comum que se atrai e, repleto de densidade, dá curso a singularidade.
Na infinita densidade a diversidade e a unidade singular se fundem.
Então o amor é possível.