PROJETO DE ACOLHIMENTO E HUMANIZAÇÃO PARA ACOMPANHANTES: A INSERÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE GRANDE PORTE

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I-INTRODUÇÃO:

 

Definição de Humanização:

 

HUMANIZAÇÃO→ S.f.  Ato ou efeito de humanizar(se).

HUMANIZAR→ V.t.d. 1. Tornar humano; dar condição humana a; humanar.                                  2. Tornar benévolo, afável tratável;3. Fazer adquirir hábitos sociais polidos; civilizar.

HUMANO→  ( Do latim humanu.) Adj. 1. Pertencente ou relativo ao homem; 2. Bondoso, humanitário.

Segundo o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH). O Humano é o que difere o ser humano da natureza e dos animais; é que seu corpo biológico é capturado desde sua formação por uma rede de imagens e palavras, que vão desde o primeiro contato materno até o social. E são essas imagens e linguagens que vão caracterizando o desenvolvimento biológico, que resulta em um ser humano com funcionamento e modo de ser singulares.

Em 2002 o Ministério da Saúde, na gestão do ministro José Serra, apresentou o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, contanto com o apoio das secretarias estaduais e municipais de saúde em todo país. Com o objetivo de buscar estratégias que possibilitem a melhoria do contato humano entre o profissional de saúde e o usuário, visando um melhor funcionamento do Sistema Nacional de Saúde.

Com base nesses preceitos humanizar na saúde também pode ser entendido como garantia da palavra e à sua dignidade ética, ou seja, comunicação e humanização caminham juntas, pois dependem da capacidade de escuta, fala, e do diálogo com os semelhantes.

O programa de Humanização Institucional no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) iniciou-se em 2000, tendo como uma das premissas principais efetivar os direitos dos pacientes. De acordo com o que prega o novo código de ética médica; “Toda pessoa tem o direito a um atendimento médico condigno…”.

A idéia do grupo com acompanhantes surgiu no ano de 2002, onde existiam muitas queixas a ouvidoria da instituição de saúde e um índice de infecção cruzada muito grande, percebemos que essa problemática era decorrente da falta de informação prestada aos acompanhantes da instituição, a falta de condições técnicas e materias existentes nas instituições de saúde; torna o atendimento desumanizado e com má qualidade, onde muitas vezes profissionais, acompanhantes e usuários relacionam-se de forma impessoal, desrespeitosa e por vezes agressiva, agravando uma situação que já demonstra-se precária. Assim em parceria com o serviço de enfermagem, criou-se um projeto de educação em saúde, tendo como base os preceitos do PNHAH, o código de Ética profissional do Assistente Social, para a garantia e democratização das informações e mecanismos para melhorar a relação com os usuários, a Constituição de 1988 que prega pela universalidade do direito à saúde, assim como a necessidade de operacionalizar a melhoria da qualidade do atendimento no 9º andar; visando atender e entender as expectativas dos pacientes e acompanhantes no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. O grupo ocorre semanalmente no 9º andar, às terças-feiras das 10:30 às 11:30 na sala de humanização do andar.

A principal proposta do projeto é atuar junto aos acompanhantes, demonstrando a relevância da sua participação no processo saúde, doença e tratamento do paciente. É trabalhada a discussão da realidade hospitalar e a importância do acompanhamento. Acolher é dar acolhida, admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito a, agasalhar, receber, atender, admitir (FERREIRA, 1975).

O Serviço Social atua como o principal articulador na relação família, equipe e instituição, tendo como um dos objetivos principais informar e socializar as regras institucionais, assim como, contribuir para a garantia dos direitos e deveres dos acompanhantes.

O que apresentaremos é o resultado da experiência positiva no Hospital Universitário, onde descrevemos a dinâmica realizada e os resultados obtidos até então, sendo um trabalho recentemente implementado ainda está em fase de análise e avaliação, suscetível a mudanças.

 

II-DESENVOLVIMENTO:

O projeto foi idealizado para alcançar as seguintes metas e objetivos:

Metas:

·         Integrar todos os andares de internação no processo de acolhimento e humanização aos acompanhantes de pacientes internados no HUCFF;

·         Desenvolver um trabalho de humanização e acolhimento com os profissionais que lidam diretamente com o paciente e a família (enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem).

 

 

Objetivos:

Geral:

  • Trabalhar a importância do papel do acompanhante no processo de tratamento do paciente.

Específicos:

·         Debater a questão do que é ser acompanhante;

  • Abrir espaço para escuta, orientação e reflexão;
  • Possibilitar a discussão das questões trazidas pelo grupo;
  • Esclarecer direitos e deveres do acompanhante no HUCFF;
  • Melhorar a interação acompanhante/equipe multidisciplinar visando o conforto do paciente durante sua permanência na instituição;
  • Fortalecer o tratamento, estimulando a participação ativa da família;
  • Propiciar educação em saúde no HUCFF;

Socializar as informações aumentando

  • o compromisso dos acompanhantes e o nível de conscientização;
  • Integrar todos os setores no processo de assistência humanizada aos pacientes e acompanhantes.

 

População Alvo:

            Acompanhantes dos pacientes internados na Clínica Médica do 9º andar, aberta também a outros andares.

Metodologia:

O trabalho é desenvolvido através de reuniões com grupo de acompanhantes, para atingir os objetivos acima, com a participação direta da equipe multidisciplinar (Assistente Social, Enfermeiros, programa de humanização, nutrição, acadêmicos de Serviço Social e Enfermagem), chefia da equipe médica, fisioterapia, comissão de infecção hospitalar. Todos os encontros são registrados em livro ata. A dinâmica ocorre através de sugestões da equipe e dos próprios acompanhantes para uma melhor abordagem no sentido de educar e orientá-los quanto às normas e rotinas do HUCFF, tendo como base a educação em saúde.

A reunião inicia-se com a distribuição de cartilhas do acompanhante pelo assistente social e acadêmicos de Serviço Social, grupos de discussão onde há uma interação entre Serviço Social e Enfermagem, no que se refere às orientações sobre infecção hospitalar e demais questões levantadas sobre direitos e deveres do acompanhante. Todas as demandas apresentadas são colocadas em discussão e na medida do possível tentamos dar resolutividade encaminhando ao setor e/ou profissional competente. Utilizamos recursos audiovisuais, dinâmicas de grupo e exercícios de relaxamento e alongamento com o objetivo de amenizar as dificuldades que ter um alguém internado proporciona, pois acreditamos que quem cuida também precisa de cuidados e atenção.

 

III-CONCLUSÃO

A experiência desse trabalho demonstrou a importância da prática educativa no processo saúde/doença e o Serviço Social têm um papel fundamental neste processo, em consonância ao Código de Ética profissional, no Artigo 5º[1]. A prática educativa contribui para a mudança, ampliação e percepção da população usuária dos serviços oferecidos.O Serviço Social atua com base na garantia dos direitos básicos de cidadania, democracia, justiça social, eqüidade e humanização.   Levando os usuários à reflexão e o entendimento de que é ser acompanhante uma melhora no atendimento e relacionamento entre acompanhante e equipe de saúde.

Os resultados obtidos até então são:

  • Diminuição de queixas a ouvidoria;
  • Maior número de acompanhantes orientados sobre direitos e deveres;
  • Diminuição do foco de infecção por transmissões cruzadas e contato;
  • Aumento de doadores de sangue;
  • Redução dos conflitos existentes entre família e equipe.

As avaliações desse projeto são realizadas a partir de observações, visitas às enfermarias e reuniões entre o Serviço Social e a Chefia de Enfermagem, no intuito de buscar soluções para as demandas postas em prol de um bom atendimento da equipe multidisciplinar.

 

IV REFERÊNCIAS:

BRASIL. Ministério da Saúde. Cartilha da PNH: acolhimento com

classificação de risco. Brasília, Ministério da Saúde, 2004.

 

______. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização

(PNH): HumanizaSUS – Documento-Base. 3. ed. Brasília, 2006.

 

______. Ministério da Saúde. . Cartilha da PNH: acolhimento nas Práticas de Redução à saúde. Brasília, Ministério da Saúde, 2006.

 

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Código de Ética Profissional do Assistente Social. Brasília, 1993.

 

FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1975. p. 27.

 

GAUDERE, E. Christian. Os direitos do paciente-um manual de sobrevivência-Rio de Janeiro. : Record, 1991.

 

Internet: www.saude.gov.br/humanizasus – acessado de julho 2002 à abril/2007

 

Internet: www.terra.com.br/arte/cordel/Renascer  Humanização Hospital e Qualidade no Atendimento  acessado em 15/06/2005 e 27/03/2007

 

Internet: www.terra.com.br/arte/cordel/Renascer Qualidade e Humanização do Atendimento em Saúde acessado em 27/03/2007

 

 LEME, A.C. Ouvindo e encantando o paciente.Qualitymark, Rio de Janeiro, 2005.

 

MENDONÇA, Eliana A. P. de. Grupos de Sala-de-espera na Saúde: Sobre o que atuar. In: Em Pauta-Revista da Faculdade de Serviço Social da UERJ, nº 10, Rio de Janeiro, Julho, 1997.

 



[1] Art.5º§C: “Democratizar as informações e o acesso aos programas disponíveis no espaço institucional,como um dos mecanismos indispensáveis à participação dos usuários”