Super Size Me: A Dieta do Palhaço

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“Super Size Me” é um documentário norteamericano de 2004. Foi planejado, produzido, realizado e “encenado” por Morgan Spurlock, um diretor independente.

 

Se no Brasil o hábito da lanchonete é relativamente enraizado nas classes médias urbanas, nos Estados Unidos é uma mania nacional e, para muitas pessoas, é praticamente a única forma de alimentação. Em megalópolis onde o deslocamente casa-trabalho é muito dificultado pela distância, comer em lanchonetes “fast food” transformou-se em “necessidade básica”.

 

A questão proposta pelo documentário é a seguinte: o que aconteceria se uma pessoa durante um mês só se alimentasse dos produtos oferecidos pels rede McDonald’s? Quem coloca a idéia em prática é o próprio diretor do documentário.

 

Durante um mês Morgan se alimentou na rede McDonald’s por três vezes ao dia (incluindo o café da manhã) ingerindo uma média de 5000 calorias diárias. Antes do documentário ele tinha uma  dieta variada, media 1,88 e pesava 84 quilos. Depois de um mês de fast food, ganho 11 kilos,  experimentando mudanças subitas de humor, diminuição da libido e compulsão para comer mais lanches na medida em que, por algum motivo, tinha que adiar um pouco a hora de comer. O mais grave, no entanto, foi a disfunção hepática. Morgan demorou 14 meses para voltar ao peso normal depois que fez o documentário.

 

Nos EUA a obesidade é um problema de saúde pública. Várias pesquisas apontam que o hábito de se comer em lanchonetes tem uma íntima relação com o agravamento de problemas como hipertensão arterial, diabetes e alguns tipos de cancer do aparelho digestivo. O hábito de se levar crianças a lanchonetes pode instaurar modos de vida alimentar que durarão a vida toda. O documentário denuncia inclusive toda a estratégia de marketing das grandes redes de fast food neste sentido.

 

 

Uma crítica que poderíamos fazer a Morgan é ressaltar o quanto seria improvavel a existência de um indivíduo que ficasse semanas seguidas só comendo no McDonald’s. Em que pese a veracidade desse argumento, o que Morgan quer na realidade não é só criticar uma rede de fast food especificamente mas, a partir do ataque a ela, denunciar a aparente indiferença das políticas públicas de saúde quanto a questão alimentar nos Estados Unidos, um negócio gigantesco que, em muitas circunstâncias, acaba prejudicando a população.

 

No momento em que a McDonald’s promove o seu “Mc Dia Feliz” para arrecadar fundos para instituições que cuidam de crianças com câncer, uma questão que desde já pode ser colocada é a seguinte: não é contraditório que uma empresa que estaria prejudicando a sociedade a partir de um hábito que “silenciosamente” vai causando malefíicios à saude, incluso o câncer, esteja arrecando fundos para combater o câncer? Ou isso não seria apenas uma estratégia de publicidade para tornar a marca mais simpática para as pessoas?