comentário do filme SICKO

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Em seu documentário, Michael Moore faz uma crítica ao modelo do sistema de saúde norte-americano, inserido numa conjuntura política, econômica e social, globalizante, excludente. O que vem desmistificar a visão que muitos têm a respeito dessa sociedade à qual o capital atrai riqueza, progresso, perspectivas de um futuro melhor, ou seja, a idealização de um sonho, sentido de pertencimento à sociedade americana, onde tudo funciona dentro da mais perfeita normalidade (visão funcionalista, positivista). No decorrer do documentário, descortina-se uma realidade capitalista contemporânea e excludente com elevado índice de desemprego, aumentando o número de trabalhadores informais sem vínculos com a seguridade social e, consequentemente o aumento da população, em situação de pobreza e sem poder de barganha com o sistema de saúde particular ou de acesso aos planos de saúde propostos. Nesse cenário, foram apresentadas as estatísticas de 50 milhões de americanos fora do sistema privado de saúde, dos quais é previsto que 18 mil morrerão por falta de plano de saúde. Os que possuem plano de saúde pagam taxas exorbitantes, que além de enfrentarem complicações financeiras têm seus direitos sociais negados por essas organizações privadas de planos de saúde. O referido documentário apresenta situações tão marcantes como o caso do trabalhador que não teve escolha ao ter que optar pelo reimplante de um dos dedos decepados em acidente por não possuir recursos financeiros suficientes para realizar cirurgia de recuperação de ambos os dedos. Outra situação não menos grave, com relação à senhora que foi colada em um táxi e literalmente despejada, em rua próxima a um abrigo, entre outras, não menos trágica, que nos faz refletir sobre que sociedade de “primeiro mundo” trata seus cidadãos com tal desrespeito. O Projeto Societário, no qual o capital surge cada vez mais forte em detrimento aos valores humanitários, em seu desdobramento histórico provoca a falência do sistema de saúde público, inexistente quanto ao acesso aos serviços de saúde em todos os níveis da assistência. Alguns governantes apresentaram programas que não atendiam as reais necessidades da população e os seus discursos em defesa da indústria dos planos de saúde e farmacêutica propagava a manutenção do sistema. Dentro desse contexto, surgem as tensões, movimentos contrários em defesa de um sistema que atenda aos menos favorecidos, porém são estrangulados pela corrente conservadora (principalmente membros do partido republicano) que usufruem dos benefícios e dos lucros. O sistema é tão perverso, que alguns Diretores médicos, servidores, que embora desempenhando seu papel, na execução das metas instituídas vivem sentimentos de conflito. Outros sistemas de saúde capitalista tais como: Canadá, França, Inglaterra apresentam suas particularidades na assistência a saúde, entretanto canalizam recursos recolhidos por impostos em favor da prestação de serviços com qualidade, integral, gratuita, tecnologia avançada e atendimento humanizado. Por outro lado, ressaltamos a medicina social de Cuba, destacando-se a quantidade de médico per capita que é bem maior do que a da sociedade norte-americana, apesar das sérias restrições econômicas desenvolve uma medicina preventiva, humanitária e, conforme relato prestou assistência aos americanos, voluntários da tragédia de 11 de setembro, que tiveram este direito negado em seu País e, que se deslocaram a Cuba para receber atendimento gratuito, orientações, acesso a medicamentos de baixo custo, exame de tomografia mesmo sendo considerado “inimigos” por eles próprios, o que é totalmente contrário ao atendimento em seu País. Com base no documentário, percebe-se que o Brasil aponta para uma ampliação de planos de saúde, com restrições a algumas doenças pré-existentes entre outras, contratos de serviços, mas há uma corrente em defesa do SUS que enfrenta muitos desafios pela complexidade regional, cultural e política.  A luta deve continuar por uma sociedade justa com liberdade de expressão, sem medo de sermos solidários.