Análise do documentário Sicko, de Michael Moore

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O documentário Sicko, de Michael Moore, mostra como o “sonho americano” vira pesadelo quando trata-se de saúde(e outras “cositas más”). O que existe nos EUA é uma verdadeira máfia dos planos de saúde, aliás, a palavra máfia vem de uma gíria árabe, mahyas, que quer dizer “agressivo ostentando, gabando”, perfeita descrição para a segregação criada pela falta de um sistema universal para os americanos. Sendo o principal exemplo de país capitalista do mundo, não teria como ser diferente, teria? SIM,TEM! Michael mostra exemplos bem sucedidos, como Canadá e França. Mostra Cuba também, com sua medicina igualitária e humanizada, e numa total ironia temos Guantánamo, com um tratamento de ponta para seus “pacientes”, como já dizia a canção: Guantanamera, guajira guantanamera! Juro que a primeira vez que a ouvi fiz o trocadilho com “quanta lameira”, creio que várias pessoas também!
Nem por um segundo enquanto assistia Sicko me desliguei do Brasil, do nosso exemplo com o SUS, que é sim em sua essência um sistema igualitário e universal, mas precisa funcionar como deve. O problema vem como tantos outros, da base, da educação, ou melhor, da falta dela. No Brasil, ao contrário dos outros países com sistemas nacionais de saúde, quem mais utiliza o SUS é a população carente, que é a que menos tem acesso à educação e informação e consequentemente é a que menos entende como funciona o sistema(ou como deveria funcionar), o que por sua vez é interessante para os governantes, porque os pobres podem até cobrar, gritar em uma unidade de saúde, mas com informação o grito teria maior alcance, com certeza!É um Sicko, oops! Ciclo!
Fiquei me perguntando o que é de fato pior: não ter um sistema nacional(EUA) ou ter(Brasil) e a população ainda assim ser refém dos planos de saúde? Não consegui chegar à uma resposta clara! A roubalheira que existe na política brasileira é sem dúvidas um dos principais fatores de deterioração do nosso SUS. Fico sempre aflita quando vejo postagens em redes sociais com a “sugestão” de que filhos de políticos e os próprios políticos deveriam ser tratados pelo SUS, enquanto o tom for de vingança, estamos assinando nós mesmos o atestado de “nada posso fazer, o sistema é assim”, eu quero que minha filha e todos os filhos do Brasil sejam tratados pelo SUS, porque somos sim reféns também dos planos de saúde e isso é até mais revoltante, porque temos a ferramenta e não sabemos usá-la.