Grupo de Educação em Saúde em “Cantinhos de Contos” – Outros vídeos /São Sepé-RS

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Este é outro encontro do Grupo Parceiros da Alegria do HIPERDIA! Encontros que perseveram em contos...  

Quando formamos o grupo (4 anos atrás), começamos a compartilhar histórias vividas e, melhor, juntar-nos para construir novas. Podemos afirmar que isso incentivou-nos à continuidade dos encontros.  Alguém já falou que... tudo aquilo que vivemos nada diz sobre nós, mas as ações que somos capazes de fazer, identificam-nos! Contudo, histórias, estórias, contos são sempre bem-vindos, divertem e colorem o pensamento. As imagens invadem nossos sentidos... nos afeta. Vamos assim exercitando outros modos de existir. Capacidade imaginativa pode ser o embrião do presente. Ao contar histórias/estórias/contos viajamos, formulamos ações, algo é mobilizado dentro. Passamos a existir “no entre”...  imaginação e concretude. Aqui pode estar a interface das sensações e das relações?

 

“Para viajar, basta existir” – Fernando Pessoa.

 

            No primeiro ano do grupo, iniciamos confeccionando bonecas de pano. A cada encontro, quinzenal, uma boneca era levada para casa. No encontro seguinte, “a boneca” contava tudo o que havia feito, comido, onde havia ido, o que havia sentido... As respostas eram registradas em cartolinas... Uma dinâmica para conhecer todos e a cada um. Escutávamos uns aos outros. Um exercício. Ríamos muito!

            No segundo ano, estipulamos um encontro para “orientações e controle” (!!) ... (em se tratando de hipertensos e diabéticos); e, outro para “atividades” (oficinas, “sucos de frutas coletivos” – isso é tradicional! Combinamos um dia, e cada um traz uma fruta!). Após dois anos e meio, começamos escrever sobre essas experiências do grupo. Virou um relato de experiência, apresentado na V Semana de Enfermagem da UFSM. No entanto, ainda com discurso corporativo, “sabichão” e de “controle”. Sentíamos que o escrito não condizia com o que experienciávamos. Controle? Quem controla quem?

As subjetividades invadiram nosso “Grupo de Educação em Saúde”. Embora esse chamamento oficial possa levar a associações do tipo: estamos “educando”... Nem perto disso é o que pensamos hoje! Aquelas velhas bandeiras discursivas dizendo “o problema está na educação” foram abandonadas. Desistimos de educar? Não, apenas compreendemos que educação e ensino são sinônimos de trocas, valorização dos saberes populares, autonomia, protagonismo, vínculos e afetos.

            Hoje, o que sentimos é liberdade! Escolhemos. Compartilhamos sonhos e transformamos muitos em atitudes. O respeito que há entre nós valoriza a cada um em sua singularidade. Polimos arestas uns dos outros nesses encontros. Convivemos com as diferenças que nos singularizam... construímos projetos coletivos.

            Enquanto isso, o grupo experimenta observar a si mesmo. Filmamos os contos, “causos”! Eles assistem. Em “Cantinhos de Contos”, subjetivando práticas, alterando modos de cuidar e gerir o trabalho em saúde. A voz é do usuário que se prepara, (re)conhece a si mesmo, em espaços, por enquanto, inventados. Esperamos evoluir dos contos aos atos políticos, já pensou? Vamos exercitando protagonismos. Cada um vai descobrindo seu momento, sua força de contar e agir em um mundo que lhe pertence totalmente em intersecções de coexistência: corresponsabilidades? O SUS que queremos, o acolhimento da saúde em bons encontros.

     

Experienciamos bons encontros, enfrentamos juntos momentos de perdas (mortes), fortalecemo-nos. Atuamos em redes de produção de vida. D. Aldemira relata quando nos conhecemos no CAPS, apesar de eu tentar desviar o assunto. No entanto, isso foi interessante para comparar, como hoje, ao atuar no Ambulatório, compartilho com ela sua experiência de ter naquele serviço um espaço que usa quando sente necessidade. A referência dela, agora, é a própria comunidade. Conviver com a depressão pode ser compreender que sua dor faz parte, e isso não a imobiliza para viver as alegrias. Trocas, respeito e corresponsabilidade em um cuidado compartilhado, de vínculos afetivos, baseado em liberdade, autonomia e protagonismo. O que seria viver sem isso?

 

 

Luciane Martins

e Adriana Martins

Apoiadoras Institucionais da PNH

 

 Link: https://redehumanizasus.net/node/8500