Comentário sobre a cartilha Acolhimento e Classificação de Risco nos Serviços de urgência

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Comentários a partir da cartilha: Acolhimento e Classificação de Risco nos Serviços de Urgência

Na ideia de clínica ampliada o cuidar pode ser considerado uma dimensão diferente do proteger, do tratar, do prevenir, do promover? Ou o cuidado a ser desenvolvido pelo profissional de saúde deve ser um envolvimento com questões relacionadas a dimensões corporais, psicológicas, pedagógicas, ético-políticas, sociais, culturais, de produção de conhecimento e que, por sua vez, devem se produzir de forma mutuamente recursiva, consubstanciando o processo de acolhimento, como constituinte de todas as práticas de atenção e gestão?
Da mesma forma, na concepção de clínica ampliada, o conceito de escuta pode estar apartado do desenvolvimento da construção vincular, da garantia de acesso com responsabilização, da resolutividade dos serviços? A escuta como implicação de ambos os atores, usuário do serviço e funcionário, na construção de suas existências, deve pressupor alinhamento com os mais variados aspectos do desenvolvimento e das relações institucionais. O sujeito que é escutado, assim como o que escuta, navega por entre as veias institucionais. Conscientemente ou inconscientemente contribui ou assume responsabilidades relacionadas, direta ou indiretamente, a isto.
Neste sentido, a escuta se produz enquanto dialogia de acolhimento e, como tal, se traduzindo em processos de ordem linguista e não linguista, de ordem objetiva e subjetiva, em processos que transcendem as dimensões psicológicas da existência. Escuta enquanto feitura social, cultural, ético-política, pedagógica, corporal. Escuta enquanto “compromisso em dar respostas às necessidades de saúde trazidas pelo usuário, que inclua sua cultura, saberes e capacidade de avaliar riscos” e, por que não dizer, sua capacidade de análise e avaliação social e institucional, avaliação e coparticipação sobre seu tratamento.
Acolhimento, então, tem a ver com os processos de escuta e suas traduções, minimizando ou ampliando as relações entre micro e macro políticas. A Classificação/avaliação  de Risco enquanto estratégia no acolhimento tem a ver com estes mesmos processos. Daí que seu desenvolvimento objetivo e sua qualidade na prática dos serviços seja variável.
Como instrumento no acolhimento, a avaliação de risco se configura em dimensões de ambiência, dimensões relacionais e articulação entre setores internos e externos à instituição, tendo como objetivo central identificar prioridades e direcionamentos no atendimento do usuário que chega a recepção dos serviços de saúde. No caso de serviços de urgência e emergência, a classificação de risco se divide por eixos e áreas de atendimento, que vão dos casos mais graves, com risco iminente de morte, aos de menor risco à saúde.