Curso de Formação de Apoiador da PNH/AL Módulo V – Trabalho e Redes de Saúde (Cartilha/MS, 2013), Tutora: Luzia Prata

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O HumanizaSUS através do princípio da transversalidade se utiliza de ferramentas e dispositivos com o objetivo de consolidar redes, vínculos e a corresponsabilização entre usuários, trabalhadores e gestores. Direciona estratégias e métodos de articulação de ações, saberes e sujeitos para, efetivamente, potencializar a garantia de atenção integral, resolutiva e humanizada.
A Política Nacional de Humanização (PNH) da Atenção e Gestão do SUS aposta na indissociabilidade entre os modos de produzir saúde e os modos de gerir os processos de trabalho, entre atenção e gestão, entre clínica e política, entre produção de saúde e produção de subjetividade. O objetivo é provocar inovações nas práticas gerenciais e nas práticas de produção de saúde, propondo para os diferentes coletivos/equipes implicados nestas práticas o desafio de superar limites e experimentar novas formas de organização dos serviços e novos modos de produção e circulação de poder.
A humanização deve ser entendida como a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde. Os valores que norteiam essa política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a corresponsabilização entre eles, os vínculos solidários e a participação coletiva nas práticas de saúde. É uma política que atravessa todas as instâncias do SUS e se propões a atuar na descentralização, isto é, na autonomia administrativa da gestão da rede de séricos, de maneira a articular processos de trabalho e as relações entre os diferentes profissionais e a população atendida; por isso, as equipes devem estar preparadas para lidar com a dimensão subjetiva nas práticas do cotidiano profissional. Para isso, algumas diretrizes precisam ser firmadas.
Nas discussões sobre processos de trabalho em saúde tem sido evidenciado que as organizações de saúde devem ser espaços de produção de bens e serviços para os usuários, espaços de valorização do potencial inventivo dos diversos atores desses serviços: gestores, trabalhadores e usuários. O trabalho não é, apenas, o que está definido previamente para ser executado, mas também o que de fato se realiza nas situações concretas de trabalho; ou seja, inclui o esforço que se dispende no cotidiano profissional, os acordos e pactos realizados, inclusive o que se pensou e não foi possível fazer. É impossível cuidar de saúde sem considerar as situações pelas quais passamos ou as formas como nos organizamos para lidar com as experiências que nos adoecem. Mas, nos serviços de saúde ainda existem poucos espaços em que as experiências sejam discutidas e compartilhadas. A luta por melhores condições de trabalho é um exercício ético que aponta para uma avaliação permanente das práticas e seus efeitos sobre a vida de todos e de cada um. À inexistência dos espaços coletivos de compartilhamento somam-se outros problemas, como o trabalho desgastante, a precarização das relações e condições de trabalho, o valor atribuído ao trabalhador por parte da população e do governo, a gestão centralizada, etc., que produzem adoecimento.
A proposta da PNH é buscar uma compreensão mais ampliada do que chamamos de saúde e de sua relação com as situações de trabalho, de modo que se caminhe em uma direção menos desgastante para o trabalhador, nos guiando sempre pelas experiências que têm promovido saúde nesta perspectiva. Dessa forma, saúde aqui não terá o sentido de ausência de doença, mas é entendida como a possibilidade de criação de estratégias para lidar com as situações que produzem incômodo, dor, insatisfação, adoecimento. Logo, a forma como nos relacionamos e nos organizamos para conviver é de fundamental importância ao se pensar a saúde.
Promover saúde nos locais de trabalho é aprimorar a capacidade de compreender e analisar o trabalho de forma a fazer circular a palavra, criando espaços para debates coletivos. A gestão coletiva das situações de trabalho é critério fundamental para a promoção de saúde e a prevenção de adoecimento.
“Se entendemos a saúde como a capacidade de criar novas normas de vida, quando o trabalho limita essa capacidade, a chance de adoecermos é maior.”
No âmbito da PNH está se buscando novas relações entre trabalhadores de saúde e aqueles que, também trabalhadores, portam conhecimentos específicos tais como gestores, trabalhadores, usuários, apoiadores institucionais e pesquisadores/estudiosos do campo da saúde.
“É impossível cuidar da saúde sem considerar as situações pelas quais passamos ou as formas como nos organizamos para lidar com as experiências que nos adoecem.”