CARTILHA ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA

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É de conhecimento público os problemas enfrentados pelos serviços de urgência, devido a superlotação e fragmentação do trabalho. Faz-se necessário, desta forma, repensar a atenção, para torná-la resolutiva, humanizada e acolhedora, proporcionando uma melhor articulação deste serviço na rede local, e um atendimento de qualidade ao usuário. Para isso, dois dispositivos são citados: o acolhimento e a classificação de risco.

O acolhimento é tradicionalmente entendido como bondade e um favor dos profissionais de saúde, ou até uma ação administrativa de triagem, traduzido em um ambiente confortável para recepção. Embora, diferente disso, o acolhimento seja uma postura ética, que não necessita de hora ou profissional específico, toda equipe do serviço deve fazê-lo e não somente no primeiro momento, mas durante toda a permanência do usuário naquele serviço de saúde, compartilhando saberes, angustias e invenções. Constitui, então, uma ação de inclusão, favorecendo uma relação de confiança e compromisso entre equipe, serviço e usuários.
Ao acolher, com a intenção de resolver os problemas de saúde das pessoas que procuram uma unidade de urgência, o profissional vai escutar a queixa, os medos e as expectativas, identificando os riscos e a vulnerabilidade e levando em consideração, também, a avaliação do próprio usuário, suas crenças e cultura. Assim, o acolhimento deixa de ser um ato isolado e passa a ser um dispositivo de redes internas e externas, comprometidas com a resposta as necessidades dos cidadãos.
A avaliação de risco e vulnerabilidade deve ser feita junto ao acolhimento, e não pode ser considerada exclusiva dos profissionais de saúde, o usuário e sua rede social devem ser considerados neste processo. Avaliar risco e vulnerabilidade implica estar atento ao grau de sofrimento tanto físico quanto psíquico. A classificação de risco é uma ferramenta que, além de organizar a fila de espera e propor outra ordem de atendimento que não a ordem de chegada, também garante o atendimento imediato do usuário com risco elevado, informa o paciente que não corre risco imediato sobre o tempo provável de espera e promove o trabalho em equipe, por meio da avaliação continua do processo. 
Tendo em vista o conteúdo exposto, podemos concluir que o Acolhimento com Classificação de risco é um dispositivo de melhoria da qualidade dos serviços de urgência e um importante instrumento na construção de redes de atenção.