Os índios também precisam de humanização

14 votos

Olá amigos da Rede HumanizaSUS!

Sempre que ouvia falar da humanização, ela estava relacionada às crianças, idosos e pessoas com deficiência, que vemos todos os dias nos centros de saúde. Como comunicadora, conheci alguns trabalhos muito importantes de acolhimento na cidade onde morava, Uberaba, Minas Gerais.

Mas há pouco mais de um ano, quando vim para Brasília, descobri que a humanização também está presente em outra parcela da população brasileira, igualmente necessitada e, muitas vezes, pouco lembrada: os índios. Desde 2013, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), órgão do Ministério da Saúde, vem implantando o projeto de Apoiadores, que faz parte da Política Nacional de Humanização (PNH). O objetivo é reduzir e prevenir a mortalidade materna e infantil através do fortalecimento das ações de atenção básica. E olha só, o trabalho já vem dando resultado. Desde 2011, segundo a Sesai, o número de óbitos registrados em menores de um ano vem caindo.

O projeto de Apoiadores funciona assim: são profissionais de nível superior com especialização na área de Saúde Pública e experiência em assistência à saúde e/ou gestão dos serviços de saúde, que trabalham diretamente nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), – unidades responsáveis pela execução das ações de atenção à saúde nas aldeias. São 34 distritos espalhados por todas as regiões do país e, até o fim do ano, a meta é ter apoiadores em todos eles.

Esses profissionais atuam em conjunto com os coordenadores dos distritos e precisam ter capacidade de articulação e mediação junto aos colegiados de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), contribuir para relações mais democráticas, além de competência pedagógica para formação e educação permanentes.

atendimento_indigena.jpgFoto: Luís Oliveira/Sesai-MS

Em uma das visitas que fiz a uma Casa de Saúde Indígena (Casai) em Macapá (AP), que é onde os índios recebem o primeiro atendimento quando chegam das aldeias para então serem encaminhados aos hospitais, testemunhei o belo exemplo de uma enfermeira que acolheu uma índia, já idosa, bastante debilitada. Ela foi recebida com tanto carinho que, apesar de todos problemas, conseguiu sorrir.

Por terem uma diversidade cultural muito grande, os indígenas precisam desse acolhimento, desse respeito às suas crenças. E os profissionais de saúde têm que acompanhar e entender essas diferenças. Por isso, frequentemente, a Sesai realiza oficinas com esses apoiadores para alinhar as ações e compartilhar experiências.

A Rede HumanizaSUS também chegou às aldeias. É mais um exemplo de que humanizar dá certo e de que todos têm direito. Um trabalho que não pode parar e precisa ser amplamente difundido para que todos conheçam o papel fortalecedor do Sistema Único de Saúde.