Somos Todos Racistas

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Texto elaborado para a disciplina de Introdução à Psicologia da Saúde, sob orientação do prof. Me. Douglas Casaroto, no curso de Psicologia da Faculdade Integrada de Santa Maria- FISMA

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Desde sua existência, a igreja Católica branqueou Jesus, maldisse religiões da matriz africana e considerou somente pessoas brancas com alma, pois somente estas teriam a semelhança de Deus. Era pregado que os brancos poderiam cometer qualquer tipo de violência contra os negros, pois estes precisavam ser adestrados, ou como era dito na época, civilizar animais. Crianças negras eram tratadas como animais de estimação. Negros eram expostos enjaulados com chimpanzés, prática comum a fim de castigá-los ou para entretenimento aos brancos.

A partir do Iluminismo, estudos que se baseavam nas verdades cristãs sobre diferenças raciais foram construídos e amplamente divulgados entre intelectuais, médicos, advogados e formadores de opinião da época, comprovando a supremacia branca. O teste de QI (Quociente de Inteligência) foi construído nessa metodologia, se utilizavam de critérios morfológicos para determinar aos brancos propensão à inteligência, honestidade, liderança, criatividade, bom caráter, etc., e com inclinações contrárias ao biotipo de negros.
Os meios de comunicação assumiram o papel de comprovar essa supremacia com apresentação de padrões europeus de beleza com olhos, cabelos e pele claros. Essas representações sociais, proliferam a ideia de que cabelo crespo é cabelo ruim, são essas mesmas representações que desrespeitam a identidade do homem negro, que na infância é chamado de neguim e quando adulto de negão. As crianças, que desde cedo, tem acesso ás mídias, percebem as diferenças raciais e os privilégios de ser branco.
Ao meu ver, nossa sociedade não está se preparando para convivermos com as diferenças e sim, criando uma negação em ser negro, pois o próprio termo de chamamento “negro” já não é mais aceito pelas pessoas negras, fazendo com que pensemos, de quem realmente parte o racismo, ou o que afinal é racismo?
A ciência aprimorou-se e alcançou a neutralidade, a população se miscigenou sem perder a negritude, pois sabemos que a melanina, que define a cor dos olhos, cabelos e pele não influencia em nenhum aspecto cognitivo ou de desenvolvimento intelectual humano.
As pressões para que nos tornemos opressores e cúmplices de um regime excludente, que determina o espaço de cada indivíduo a partir da cor da pele, advém de séculos e se espalham por todos os meios. A Psicologia moderna afirma e eu acredito, que o combate a estes mecanismos perversos só é possível através do conhecimento e da convivência multirracial com esclarecimentos ao alcance de famílias, escolas, universidades, profissões, mídias, enfim, é preciso que se findem privilégios, que se ampliem políticas de discriminação positiva e que diferenças sejam percebidas como diferenças, tudo isso em prol de uma sociedade orgulhosa de sua multiplicidade, com equidade de direitos e oportunidades.

 

Referência(s): SOMOS Todos Racistas. Psique, p.61, São Paulo, Ano VIII nº 103