Saúde e questão agrária no Brasil + bate-papo de Stedile com blogueiros em 21/01/15

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No dia 10/11/14, o economista e ativista social João Pedro Stédile deu uma palestra na Escola de Governo sobre as dificuldades para a realização de uma reforma agrária num país com histórico de grandes propriedades rurais concentradas em poder de poucos proprietários como é o Brasil, e ainda sobre a necessidade de uma mudança da política agrária voltada para a monocultura de 5 principais produtos (cana, soja, eucalipto, café e milho), que está destruindo os recursos naturais, com grandes chances de afetar a saúde e a subsistência da população brasileira como um todo, destacando os seguintes pontos:

80% dos proprietários de terra do Mato Grosso residem em São Paulo;

O conceito de "questão agrária" é confuso, cada um se dá o direito de utilizar o termo conforme seu entendimento próprio, gerando diferentes interpretações na literatura;

– A questão agrária é uma área do conhecimento científico que procura explicar duas questões: como a sociedade organiza a posse, uso e propriedade da terra, e como se regulamenta a utilização da terra e de seus produtos na sociedade brasileira;

– Periodo de 1500 a 1900 – capitalismo comercial ou mercantil introduzido pelos colonizadores europeus  – Lucro de 7000% com venda das mercadorias chinesas (origem do termo "negócio da China");

– População brasileira vivia no comunismo primitivo – plantation: organização da produção da monocultura através do escravismo no periodo colonial (produtos trazidos de fora, nativos não sabiam cultivar);

– Brasil exportava 88% do que se produzia no país durante o periodo colonial;

– Lei 601/1850 instituiu o latifúndio no Brasil – excluiu do acesso à terra os pobres – a natureza foi escravizada pelo Capital;

– Crise da produção agrícola – entre 1870 e 1914 foram trazidos 1 milhão e 600 mil casais pobres da Europa – mesma quantidade que tinha de escravos, substituição da mão de obra escrava pela mão de obra imigrante – nova classe de camponeses;

– Mistura de nacionalidades gerou um camponês local – Guimarães Rosa chamou de sertanejo e Monteiro Lobato de caipira (corruptela de caipora – branquelo);

– Café e cana de açúcar – assalariado rural (saldo da escravidão, escravos que não quiseram se deslocar para a cidade);

– Século XX: transição para o capitalismo industrial, tentativa de incorporar esse camponês para a indústria – primeiro censo de 1920 já demonstrou grande concentração da terra;

– Marx – dois motivos para a desvalorização do salário: luta de classes e reserva de mão de obra – exército industrial de reserva que força o salário pra baixo;

– Por que não houve reforma agrária no Brasil se essa é uma medida que fortalece a economia?

– Capital financeiro e empresas transnacionais que se instalaram no Brasil com o neoliberalismo foram para a agricultura – redivisão da produção agrícola mundial;

– Reforma agrária agora pressupõe mais que a divisão de terras, deve ter também como paradigma a produção de alimentos saudáveis, eliminação de agrotóxicos e transgênicos, e plantação com equilíbrio ambiental;

– Seca tem origem nas plantações de cana no Estado de São Paulo;

– Venenos (como o glifosato) não pagam imposto;

– Onde se planta eucalipto secam os mananciais;

– A abelha é a primeira agricultora da natureza, a única que poliniza – na Europa a pulverização aérea foi proibida justamente porque a primeira atingida é a abelha.

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Na próxima quarta-feira (21), haverá um bate papo entre João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST, e os blogueiros progressistas, que conversarão sobre a atual situação da questão agrária no Brasil, a conjuntura nacional, as perspectivas das lutas sociais neste novo período que se inicia, entre outros assuntos.

Toda a atividade será transmitida ao vivo pela internet, que também contará com a participação dos usuários que quiserem mandar suas perguntas a Stedile.

Na ocasião será servido um coquetel com produtos exclusivos da Reforma Agrária.

Serviço:

Dia: Quarta-feira, 21 de janeiro, às 19 horas

Local: Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé

Rua Rêgo Freitas, 454 – 8° andar (Cj. 83)

Transmissão ao vivo pela internet pelo link: https://www.mst.org.br/

Fonte: Carta Maior

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Assista também ao programa da Rede TVT +Direitos +Humanos, exibido em 19/11/14, sobre Mediação de Conflitos e Resistência no Campo. O diálogo deste programa é entre a ONG AÇÃO EDUCATIVA de São Paulo e a COMISSÃO DE JOVENS DO POLO DA BORBOREMA, da Paraíba, que busca um novo olhar sobre o valor da nova geração de trabalhadores rurais do Polo da Borborema. A ideia é fortalecer a agricultura familiar:

 

 

Links com mais informações sobre a questão agrária no Brasil:

Crise hídrica de São Paulo e o agronegócio

Livro "Manejo ecológico do solo" de Ana Maria Primavesi

Agroecologia e manejo do solo

Ana Maria Primavesi – entrevista

Embrapii – Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial

Centro Vianei de Educação Popular