Medicalização

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Ao longo do semestre já discutimos sobre trabalho e gestão do trabalho em saúde, cuidado, clínica ampliada, clínica compartilhada, Redes de atenção a saúde, Atenção básica na RAS, assistência farmacêutica, apoio institucional e alguns outros temas que passa por essas temáticas cita aqui. Estuda para fazer uma das minhas postagens me deparei com o tema da medicalização logo comecei a fazer reflexões sobre o tema e relacionar com algumas das temáticas já estudadas.
A medicalização pode ser definida como o processo pelo qual o modo de vida dos homens é apropriado pela medicina e que interfere na construção de conceitos, regras de higiene, normas de moral e costumes prescritos – sexuais, alimentares, de habitação – e de comportamentos sociais. Este processo está intimamente articulado à idéia de que não se pode separar o saber produzido cientificamente em uma estrutura social – de suas propostas de intervenção na sociedade, de suas proposições políticas implícitas. A medicalização tem como objetivo, a intervenção política no corpo social. Essa definição é de Madel Luz 19881, partimos aqui da definição do termo medicalização, outro uso frequente do termo é “medicalização do social” que é um processo sociocultural complexo que vai convertendo em necessidades médicas as vivências, os sofrimentos e as dores que eram administrados no próprio ambiente familiar e comunitário, e que envolviam interpretações e técnicas de cuidado dos nativos. A medicalização acentua a realização de procedimentos profissionalizados, diagnósticos e terapêuticos, desnecessários e muitas vezes até danosos aos indivíduos. Há ainda uma redução da perspectiva terapêutica com desvalorização da abordagem do modo de vida, dos fatores subjetivos e sociais relacionados ao processo saúde-doença2.
O SUS e posterior mente o Programa Saúde da Família e depois a Estratégia de Saúde da Família, propunha-se a suplantar a tradição medicalizante, substituindo-a por novas práticas e concepções apoiadas na promoção da saúde. Mesmo com o sucesso da ESF ainda tenhamos necessidades a serem supridas, criou-se a Política Nacional de Humanização. Mesmo com várias estratégias de enfrentamento o pensamento medicalizante faz-se presente. Como enfrentar a medicalização social?
Naomar Almeida Filho esteve no Café Filosófico e falou sobre a origem da medicalização da saúde, passando pelo amplo conceito de saúde. Retoma discussões filosóficas, teóricas, metodológicas e praxiológicas sobre saúde, doença e noções correlatas, como vida e qualidade de vida, sofrimento e morte, cuidado e cura. Avalia três momentos na história que marcam inflexões na construção da medicalização na cultura ocidental: Iluminismo racionalista (Cabanis — início do século XIX); Pragmatismo científico (Flexner — início do século XX); Massificação tecnológica (Genômica — início do século XXI).

 

 

 

1. LUZ, Madel Therezinha. Natural, racional, social: razão médica e racionalidade científica moderna. Rio de Janeiro, Campus, 1988
2. Tesser Charles Dalcanale, Poli Neto Paulo, Campos Gastão Wagner de Sousa. Acolhimento e (des)medicalização social: um desafio para as equipes de saúde da família. Ciênc. saúde coletiva  [Internet]. 2010  Nov [cited  2015  May  13] ;  15( Suppl 3 ): 3615-3624. Available from: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232010000900036&lng=en.https://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232010000900036.