Dia Nacional da Luta Antimanicomial será marcado por mobilização no Centro de Maceió

13 votos

div18maio2015.jpgFonte: Matéria de Jornal de Circulação Local

 

O dia 18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial, está se aproximando e para marcar a data, mais uma mobilização será realizada em Maceió. A ação, já conhecida como “Tá Pintando Loucura na Praça!”, irá acontecer na Praça Deodoro, a partir das 8h e será marcada por uma programação que transita entre rodas de conversas, intervenções musicais, performances teatrais e cortejo pelas ruas do centro. O objetivo é visibilizar as questões da saúde mental no estado, a partir da Reforma Psiquiátrica e da luta em defesa do SUS. A atividade busca envolver diversos setores e chamar a atenção para a necessidade da efetivação de políticas públicas antimanicomiais de saúde mental.

Ano passado, o “Tá pintando loucura na praça!” foi realizado na Praça Centenário, em Maceió, e reuniu cerca de 500 pessoas, entre usuários, familiares, estudantes, trabalhadores, gestores, professores e outros envolvidos na área da Saúde do Estado. A ação foi uma realização do Grupo de pesquisa PIPAS – Práticas Integradas de Pesquisa em Atenção à Saúde, do curso de Psicologia do Centro Universitário Cesmac. Este ano a ocupação da Praça Deodoro é fruto da mobilização do Coletivo Alagoas Antimanicomial e do Fórum em Defesa do SUS e sua organização tem sido marcada pela articulação de uma rede colaborativa composta de diversos grupos, coletivos e movimentos sociais.

De acordo com dados do livro Trabalhadores dos Centros de Atenção Psicossocial de Alagoas (Mara Ribeiro), existem mais de 800 leitos psiquiátricos do SUS, distribuídos entre os municípios de Maceió e Arapiraca. Na capital do Estado, é onde existe a maior concentração de leitos, com setecentos e sessenta.

 

“Além dos cinquenta CAPS (I e II), o Estado possui apenas um CAPS III, inaugurado em 2013, referência para tratamento de álcool e outras drogas, e oito ambulatórios especializados em saúde mental; nenhum Serviço Residencial Terapêutico habilitado pelo Ministério da Saúde, e o número de beneficiários do Programa de Volta para Casa é ainda muito baixo, apenas 22. Também não há Centros de Convivência e Cultura, nem ações concretas e resolutivas no que se refere à geração de trabalho e renda para os usuários dos serviços de saúde mental. Precisamos mudar este cenário e trazer resultados melhores para a sociedade, mas principalmente para os usuários, que são os mais prejudicados no formato atual de assistência”, explicou Claudete Lins, terapeuta ocupacional, integrante do Coletivo Alagoas Antimanicomial.

 

Além das questões que estão diretamente ligadas ao modelo de atenção no campo da saúde mental, outras pautas também estão presentes na mobilização como privatização/terceirização do Sistema Único de Saúde, a questão das drogas e a hegemonia da clínica manicomial.

 

“Entendemos que os modelos de privatização/terceirização são um ataque direto às conquistas no campo da saúde pública, tanto para o trabalhador, quanto para o usuário. Estamos na luta em defesa do caráter público do SUS na construção de uma sociedade justa e capaz de conviver com a diversidade”, destacou Renata Guerda, psicóloga e coordenadora do PIPAS.

 

Segundo ela, a sociedade não pode mais silenciar frente ao sucateamento da Saúde Mental. “As estruturas estão precárias, os vínculos trabalhistas são frágeis, muitas vezes os municípios não conseguem construir um plano para a Saúde Mental que fortaleça a autonomia, os laços comunitários, a inserção e a produção de trabalho e renda”, complementou Renata. Ainda segundo a mesma, é preciso exercer o controle social e exigir a construção de políticas públicas participativas, pois a clínica é inseparável da política; este é ainda um desafio que precisamos discutir com as instituições formadoras: é preciso formar o trabalhador da saúde sintonizado com os princípios éticos e políticos do SUS e da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial.

 

Para Luciano Bairros, também coordenador do PIPAS mesmo com a implantação das Redes de Atenção Psicossocial (GM 3.088) as ações têm sido pouco resolutivas e com uma capacidade baixa de produzir saúde mental em ações articuladas com a educação, cultura, trabalho e renda, assistência social. “Os equipamentos pactuados pelas RAPS carregam a natureza dos manicômios: exclusão, marginalização e ruptura com os diversos modos de ser e viver nas cidades”, finalizou Luciano.