A Nova Participação das Equipes de Saúde: O Atendimento em Aldeias Indígenas

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    A política de saúde indígena foi constituída através da reforma sanitária,na década de 1990, criou-se um sistema de saúde diferenciado para os povos indígenas através de conferencias especificas culminou na atual Política Nacional de Saúde Indígena. Competente do Sistema Único de Saúde (SUS) esse subsistema tem como missão ofertar serviços de Atenção Básica,urgência e emergência.
     É constituído por 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei), definidos os territórios por meio de critérios étnicos, geopolíticos, epidemiológicos, acesso a serviços de saúde de média e alta complexidade.Pode-se definir esse sistema como semelhante ao de estratégia de saúde da família.
     A inserção de saúde pública possui um novo campo de atuação que são as aldeias indígenas, as quais agora contam com a visitação de equipes de saúde (médicos, enfermeiros, entre outros agentes promotores de saúde) munidos de seus instrumentos e medicamentos, os quais utilizam diariamente em seus contextos “normais” de atuação.
     Sabe-se que essa atuação é uma experiência nova tanto para a população indígena, quanto para as equipes destinadas a atuarem nas aldeias.
     Antes dessa pratica os índios estavam acostumados a eles próprios serem seus agentes de promoção de saúde, e as equipes acostumadas a promoverem saúde a uma mesma população sem ter desafios ali encontrados.
      O fato do deslocamento das equipes não é a maior preocupação das mesmas mais sim como conseguiram ajudar esses povos sem que sua crença e cultura não sejam de alguma forma vistas  insultadas, questionadas e até mesmo discriminadas.
     São montadas nos centros das aldeias as Unidades Básicas de Saúde (UBS), as equipes contam com a ajuda de membros da aldeia que acabam por tornar-se os Agentes Indígenas de Saúde (AIS) para que aja uma melhor interlocução entre a mesma e os povos indígenas.
     As primeiras intervenções entre as equipes com a população foram encontradas dificuldades, pois ambas estavam acostumadas com ambientes, culturas, e contextos totalmente diferenciados. Entre elas estão os tratamentos utilizados para a cura de problemas de saúde, acidentes diários sem lesões graves entre outros.
       Enquanto os médicos e enfermeiros buscavam as curas por meio de medicamentos, os povos indígenas utilizavam-se apenas de plantas encontradas ali mesmo em sua aldeia, ou apenas pelo simples fato de se recolher em sua residência até que os maus espíritos se afastassem.
      Se formos fazer uma breve comparação entre a forma como os povos indígenas e as equipes dos profissionais de saúde lidam com as doenças teremos diversas contradições. Os índios jamais permitiram que mulheres cuidem de pessoas adoecidas diferentemente das equipes que são compostas
tanto por homens como por mulheres;
      As equipes visam apenas a cura por meio de medicamentos esquecendo que o indivíduo não é composto apenas por corpo mas também por alma que adoece junto com o mesmo, diferente dos povos indígenas que além de curar o corpo com suas ervas medicinas trata de curar a sua alma, para que possa haver uma completa cura; para os indígenas as crianças menores de um mês jamais poderão sair de casa para realizar suas pesagens, pois poderão ficar expostas aos espíritos ruins, o que não acontece na rotina das UBSs fora da aldeia, onde crianças são levadas pelas famílias em consultas periódicas desde as primeiras semanas de vida; entre outras diferenças.
        Existem muitas diferenças entre essas duas culturas, porém com o convívio dessas equipes com os povos indígenas, ambos aprenderam a como confronta-las mas de uma forma respeitosa, e interagindo para que possa ser realizada as tarefas de prevenção e proteção da saúde dos índios. Podemos
ainda dizer que não são somente os povos que aprendem com as equipes, mas que essa experiência serve para que muito mais as equipes aprendam a lidar com a cura das doenças de forma diferenciada da que estão acostumados.
    Pois a cada dia ambos passam por uma experiência diversificada no ambiente da aldeia o que faz com que as experiências de cada um sejam repassadas para o outro, e que possam somar ainda mais no dia-a-dia desses indivíduos. Por que o que mais se vê e sente falta no tratamento de saúde oferecido as pessoas da nossa sociedade é a cura para as doenças exteriores por meio dos médicos, enquanto as doenças interiores ficam de lado, o que faz com as pessoas quando não estão acomodadas procurem por sozinhas por essa cura.
   O que falta aos nossos médicos e que eles precisam aprender com os povos indígenas é a cura do indivíduo por um todo e não apenas pela parte física que os outros visualizam, os doentes necessitam da cura espiritual também para que somente assim ele sinta-se bem por completo. Não questiona-se aqui que o médico deve indicar ao paciente uma religião a ser seguida, mas que ele busque ajuda-lo a ter um auxílio de um profissional que pode lhe oferecer uma ajuda para o que lhe preocupa internamente em relação a sua doença.

 

Acadêmicas Alice Simões e Samara Silveira, 4° semestre de Psicologia Noturno da Faculdade
Integrada de Santa Maria – FISMA