Refletindo sobre o processo de trabalho, a saúde e as relações na implantação da co-gestão do Hospital Giselda trigueiro no RN

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Mais um momento importante de reflexão e de vivência aconteceu no Hospital Giselda Trigueiro : os  trabalhadores e  gestores  decidiram que era importante com foco nas relações que se estabelecem entre os diferentes sujeitos implicados no processo de trabalho, discutir como se dá essa troca.
Como conviver a partir da inserção de cada um no mundo do trabalho com  situaçoes de conflitos?
Como  superá-las nesse momento de construção da gestao compartilhada no Hospital Giselda Trigueiro?
Contamos como mediadora desse momento de capacitação  com a  psicóloga e consultora da PNH Ana Rita Trajano, que compartilhou  a sua experiência realizada em uma unidade de saúde da rede de Belo Horizonte que tambem demandava apoio junto as situações de conflitos e processos internos.Resgata após uma roda em que foi construída uma grande "teia"o  significado do trabalho e o trabalho em saude com a concepçao de que "o trabalho não é neutro em relaçao ao que provoca no sujeito; ele é potencialmente produtor de sentido quando é inventivo e participativo,podendo ser também produtor de sofrimento e desgaste quando burocratizado, fragmentado e centralizado.
A teia que simbolicamente representou uma rede permitiu que todos expressassem o sentido de cada um no trabalho, a relação com o mundo e com a vida. As falas revelaram muitos sentidos e que tèm sintonia com o trabalho no contexto atual de hospital.

" È um rede que precisa de sustentaçao: como o SUS"; "Muitas vezes os usuários demoram a chegar nela", "às vezes nem conseguem"; " Há disputas, tem hegemonia de alguns";"muitos não acreditam, muitos não querem saber"; "como é bom ser lembrada"; "representa o pouco do que estamos buscando no hospital, uma atenção mais humanizada, porém, ela precisa da partipação de todos"

As falas trazem o sentir e revelam de forma concreta  o trabalho em rede que é tecido todos os dias, porém com dificuldades, com diferentes sujeitos, com modos de fazer a assistência ainda individualizada, com uma gestão que vem pautando compromisso de mudanças, mas encontra barreiras que se traduzem em atitudes associadas à  cultura tradicional do fazer saude. Por outro lado, revelam que devemos apostar no novo, no coletivo e na autonomia dos trabalhadores.

E assim o modulo foi avaliado:
No último dia 26 de março, nós trabalhadores e gestores do Hospital Giselda Trigueiro em Natal/RN, vivemos um dia especial.Tínhamos convidado a  companheira psicóloga Ana Rita Trajano para conosco colaborar trabalhando o tema Relações Interpessoais na Co-Gestão.Confesso que estava ansiosa pois não sabia o que sairia dali, principalmente após ter lido na véspera um e-mail da própria Ana Rita afirmando que em geral quando a gestão e os trabalhadores solicitam este tema é porque " o bicho tá pegando". Estávamos ali reunidos, 53 profissionais de diversas categorias  como vigilantes, médicos, técnicos de enfermagem , enfermeiros, agentes administrativos, veterinários, farmacêuticos, dentre outros, além dos 4 diretores do hospital.Logo no início da manhã Ana Rita propôs a dinâmica da rede, fazendo com que todos nós sentássemos no chão e falássemos sobre sentimentos e expectativas quanto ao nosso trabalho e relações no hospital. Em uma sa la não muito grande, ficamos todos nós juntinhos, coladinhos em uns, olhando para outros, alguns que ainda não se conheciam e falando em sentimentos!   Foi muito bonito ver naquele momento um grupo tão heterogêneo despido de vaidades,autoridades, mágoas,ressentimentos…Fiquei emocionada!´.( Milena Martins)

Ao  longo deste VII módulo, a impressão que me fica – particularmente a partir da vivência da rede tecida pelo fio verde de tantas mãos, seguindo-se do segundo momento a tarde – é do quanto as percepções  interpessoais se ampliam, o quanto  os pequenos grupos fechados se expandem para um sentimento comum de que o Hospital faz parte da vida e da historia de  cada um que lá está; há muitos anos ou há poucos meses…. A perda recente de uma antiga  colega funcionária do Hospital, já havia mobilizado sentimentos  vários. Assim lentamente, palavras como  horizontalidade, transv er salidade e encontro  de conhecimento acerca do trabalho do outro,  vão mudando as relações do cotidiano lentamente. … Acredito está se formando ( como na vivência) um entrelaçamento diário de todos, nesta grande rede, que é potente movimento de mudança, e que vai aos pouquinhos, transf ormando a tendência dos pequenos grupamentos setoriais para  a  percepção  da amplitude de uma grupalidade maior. Nesse processo sentimentos, estranhezas  e diferentes emoções são mobilizados. Porem neste módulo, sentimos que ocorreu espaços de escuta acerca destas percepções mais sutís (Shirley Monteiro) .