Gabrielle Stella Picanço¹; Gabriela Lima da Silva²; Douglas Augustinhak Heitkoetter³; Esther Suellem Rocha Silva⁴

¹Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

²Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal do Alagoas (UFAL).

³Graduando em Enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)                                                                                                                               ⁴Graduanda em Enfermagem pela Faculdade de Ciências Médicas e Saúde Suprema Juiz de Fora (FCMS)

A humanização do parto consiste no protagonismo da gestante durante o momento do nascimento do seu filho. Nesse contexto, observa-se a mudança desse conceito ao longo dos anos, evoluindo para o de assistência integral à gestante, incluindo a medicina baseada em evidências científicas, a participação da equipe multidisciplinar, a autonomia da mulher e o acolhimento da equipe para com a gestante. Assim, entende-se o processo de humanização do nascimento como aquele que prioriza o papel da mulher nas escolhas do parto, tornando-o menos hospitalar e mais humano e acolhedor, seja ele natural ou via cesariana.

No Brasil, a assistência ao parto caracteriza-se pelo uso abusivo ou inadequado de intervenções (amniotomia de rotina, episiotomia, posição litotômica e uso de ocitocina), falsa indicação de cesariana e pelo baixo acesso aos direitos da parturiente em todos os períodos clínicos do parto. Esses problemas podem ser reduzidos mediante a adoção das melhores evidências científicas disponíveis na assistência obstétrica pautadas em diferentes teorias sobre comportamento humano, mudança profissional e desempenho organizacional. Entretanto, a introdução práticas baseadas em evidências científicas na prática assistencial exige mais que convicções, pois implica mudanças de comportamento, superação de barreiras e preenchimento de lacunas na transferência do conhecimento.

Um ponto a ser destacado refere-se a atuação da equipe multidisciplinar no momento do acompanhamento do pré-natal durante toda a gestação, profissionais estes que devem  solucionar todas as dúvidas das gestantes e fornecer informações para que esta possa escolher e se posicionar neste momento tão importante em suas vidas, visto que a informação e conhecimento sobre seus direitos é a melhor “arma” que estas têm para se proteger de práticas inadequadas. O plano de parto é uma estratégia essencial, um documento feito pela gestante, onde fica registrado por escrito tudo aquilo que deseja da assistência médica e hospitalar, das etapas do trabalho de parto, dos procedimentos médicos necessários, e os cuidados com o recém-nascido no pós-parto. Permite que a futura mãe opine sobre o que julga ser melhor para seu corpo e para seu bebê. É garantido pela legislação brasileira e recomendado pela OMS, que o plano de parto deve ser feito em conjunto com o obstetra e precisa ser assinado por ambos, médica/o e gestante.

Em suma, o parto humanizado objetiva fazer com que a experiência única de parir aquele feto seja menos doloroso, estressante ou que cause angústias, mas sim que tanto gestante quanto o feto construam um laço afetivo ainda mais forte. Em primeira análise, pelo lado psicossocial o parto humanizado possui inúmeras vantagens como a possibilidade de escolha da participação familiar, do acompanhamento de doulas, da posição de parto (dentre as opções sem risco à gestante), do uso de técnicas farmacológicas ou não farmacológicas para alívio de dor, além de ocasionar uma diminuição na chance de depressão pós parto e uma recuperação mais equilibrada no pós parto. Porém pela perspectiva biológica há diversos benefícios para a realização do parto humanizado, como a diminuição da taxa de óbitos maternos e fetais, a diminuição da hemorragia materna, o risco de infecção também é menor, o feto tem menos chance de apresentar problemas respiratórios e o processo fisiológico é mais fluído com a diminuição das intervenções.