Acadêmicos da LSFC/UNOESTE organizam Roda de Conversa sobre TEA, no interior de SP

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A Liga Acadêmica de Saúde da Família e Comunidade (LSFC) da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) no Campus de Presidente Prudente, organizou no dia 10/ 10/2022 uma Roda de Conversa relacionada aos Aspectos Psicológicos dos Transtornos do Espectro Autista (TEA).

A palestrante, Psicóloga Cibelle, conversou com os futuros Profissionais de Saúde sobre algumas orientações que podem ser repartidas com os familiares de crianças autistas, nas Visitas Domiciliares (VDs) realizadas pelos discentes, sob supervisão dos Facilitadores do Programa de Aproximação Progressiva à Prática (PAPP/FAMEPP/UNOESTE), nos territórios ligados a 09 ESFs (Estratégias Saúde da Família) localizados nos municípios de Presidente Prudente e Álvares Machado.
A palestrante frisou que as pessoas com TEA necessitam de cuidados especiais, no ambiente familiar e também fora de casa.
Acadêmicos trouxeram dúvidas relacionadas ao que fazer para lidar com os desafios comportamentais no dia a dia, para que as crianças que possuem o transtorno sejam conduzidas de maneira eficaz.
A palestrante explicou que existem técnicas específicas que podem ser utilizadas em casa, com a capacidade de promover o comportamento adequado e ajudar os pais e responsáveis com essa tarefa.
Explicou que o autismo não é uma doença, mas sim uma condição neurológica, marcada por dificuldades no desenvolvimento da linguagem, nos processos de comunicação, na interação e no comportamento social. A genética e fatores ambientais, como complicações no parto ou no período neonatal, representam um papel importante nas causas do transtorno.
A palestrante considerou que o autismo pode ser classificado em grau
leve, moderado ou severo, a depender do
apoio que a pessoa precisa para realizar as atividades cotidianas. A nomenclatura atual é “Transtorno do Espectro do Autismo” (TEA), por se constituir em um
conjunto de comportamentos que afetam cada pessoa de maneira e graus diferentes, com uma ampla variedade. As pessoas com autismo não
apresentam um aspecto físico diferente; percebemos as alterações por meio do
seu comportamento. O universo do autista é o mesmo que o de todas as
pessoas da sociedade, mas como eles sentem e interagem de maneira diferente, devido à sensibilidade alterada, às vezes se isolam socialmente, dando essa impressão de viverem em “outro mundo”. Quanto antes for realizado um tratamento especializado, melhor será o prognóstico, isto é, melhor será o desenvolvimento da pessoa. Pode-se estimar que, no Brasil, mais de dois
milhões de pessoas têm autismo. A maior incidência é em meninos. O autismo acomete pessoas de
todas as classes sociais e etnias. Os sintomas do autismo normalmente se manifestam até os três anos de idade.
Em crianças, a incidência do autismo é maior do que a soma dos casos de AIDS,
câncer e diabetes. Daí, a sua importância epidemiológica.
Existem pessoas com autismo que apresentam habilidades acima da média, porém são uma minoria, por volta de 10% dos casos. Essas pessoas, apesar destas habilidades, podem
apresentar um déficit grande nas demais áreas.
Muitas pessoas com autismo podem não falar, mas não quer dizer que não entendem o que é dito. O autismo é uma condição neurológica, não tem relação nenhuma com a falta de afeto. O isolamento ocorre pelas alterações ocasionadas pelo autismo, como a dificuldade de se relacionar, dentre outras. As pessoas com autismo podem gritar, chorar e se jogar no chão, não por falta de educação, mas sim por uma sobrecarga sensorial, dificuldade de comunicação e outros fatores. O autismo não tem cura, mas existem
tratamentos que podem amenizar os sintomas e trazer melhor qualidade de vida. Não existe um medicamento para o autismo, e sim para os possíveis sintomas. A terapia mais indicada é a comportamental, pela
eficácia e comprovação científica.
Para algumas pessoas com autismo o contato físico pode ser muito desconfortável, decorrente de uma hipersensibilidade, aparentando que elas não gostam de carinho. O autismo não faz com que a pessoa deixe de ter sentimentos, mas pode fazer com que ela tenha dificuldade para se expressar. A inclusão social é um direito de todos. É
fundamental que as pessoas com autismo estejam inseridas na sociedade, mas com acessibilidade, adaptações do ambiente e as devidas ferramentas para que possam usufruir dessas vivências. Um maior
conhecimento sobre o assunto pode ser favorável.
Os participantes consideraram como positiva a ação de Educação Permanente em Saúde, realizada na Universidade do Oeste Paulista, organizada pela LSFC.
A palesteante citou a LEI Nº 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012 (Lei Berenice Piana) – que institui a “Política Nacional de Proteção dos Direitos
da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista” e estabelece diretrizes para sua consecução, assegurando às pessoas com autismo os mesmos benefícios legais das pessoas com deficiência, que incluem, desde a reserva de vagas em empresas com mais de cem funcionários, até o atendimento preferencial
em bancos e repartições públicas, alterando o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. EMENTA: Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2012/lei-12764-27-dezembro-2012-774838-publicacaooriginal-138466-pl.html
DECRETO Nº 8.368, DE 2 DE DEZEMBRO DE 2014
Regulamenta a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2014/decreto-8368-2-dezembro-2014-779648-norma-pe.html

Referências:
Entendendo o autismo.
Disponível em:
https://www.iag.usp.br/~eder/autismo/Cartilha-Autismo-final.pdf
Acesso em 12 10 2022, às 16h 40min.