Avós conhecem netinhos na UTI Neonatal do Hospital Materno-Infantil de Ilhéus

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Dona Rosângela orou para os netos, os gêmeos Daniel e Eloah. Dona Gleide prometeu um bolo para comemorar a vitória da vida tão logo Artur possa receber alta. Ela conheceu o neto, após dias do seu nascimento. Até então, apenas as puérperas tinham acesso à UTI Neonatal do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus. Agora outros parentes já podem conhecer os novos membros da família, desde que haja um agendamento planejado da visita junto ao Serviço Social e passem por um rigoroso processo de higienização antes de entrar na Unidade de Terapia Intensiva.

“Essa proximidade com a mãe, com o pai, com a família ajuda na recuperação”, assegura a diretora médica do HMIJS, doutora Esther Vilela. Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), especialista em Ginecologia e Obstetrícia, doutora Esther implantou um modelo de atenção humanizada ao parto e nascimento que se tornou referência para o Ministério da Saúde. “Quando os bebês saem das incubadoras mecânicas e vêm para incubadora da pele a condição torna-se mais vantajosa para o bebê e para a mãe. O que fortalece a vida de um bebê é o vinculo que se cria desde a barriga. É a construção de afetividade. Hoje já está provado que a família é também cuidadora”, explica.

“O coração bateu mais forte. Pude ver que está tudo bem com eles, que estão bem acompanhados”, suspirou a avó Rosângela. Para ela, poder ver os netos com os próprios olhos deixa os familiares mais calmos. “Orei, entreguei na mão de Deus. Eu já conversava com eles na barriga da mãe. Hoje só continuei o papo bem baixinho e disse a eles: sejam fortes, vocês vão logo pra casa”, confessou, emocionada. Gleide, a avó de Artur, diz que ele é um bebê muito esperado. “Não tenho nem palavras. O primeiro olhar é para o agradecimento a Deus. Depois, à equipe de profissionais da que não sai de perto. Vai ter bolo quando ele sair. A gente vai esperar, esperar otimista. Estamos todos esperando este momento”, projetou.

Método Canguru

Todo esse conceito de maternidade humanizada – que inclui a visita de familiares – já está acontecendo no HMIJS, graças à etapa de implantação do Método Canguru no hospital. É um modelo de assistência ao recém-nascido prematuro e sua família, internado na Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal, voltado para o cuidado humanizado, que reúne estratégias de intervenção biopsicossocial. O método consiste em manter o recém-nascido de baixo peso em contato pele a pele, na posição vertical, junto ao peito dos pais ou de outros parentes próximos, o maior tempo possivel. Iniciativas como esta contribuem para o fortalecimento dos vínculos familiares e para uma melhor e mas rápida recuperação do bebê, diminuindo o tempo de internação, possibilitando a oxigenação adequada, estabilizando a temperatura corporal e promovendo a redução nos episódios de apneia, que são paradas respiratórias durante o sono.

Equipe de Tutoras

O método ainda está em fase inicia no Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio. No quadro de colaboradores já há uma experiente equipe de tutoras, preparadas pelo Ministério da Saúde, que fará fazer chegar as informações e conteúdos a todos os colaboradores da instituição. São médicas, enfermeiras, psicólogas, nutricionistas, que levarão informações a colegas, à equipe administrativa, de higienização, de segurança, dentre outras.

Será um trabalho de construção permanente, de acordo com a direção. Segundo a psicóloga Aline Costa, diretora geral do Hospital Materno-Infantil, a criança quando nasce, ela chega para uma família e não só para a mãe. Ao apresentar ontem as primeiras iniciativas implantadas na instituição, ela lembrou de mulheres que resgataram sua subjetividade e puderam construir outras formas de olhar o mundo a partir do momento em que tornaram-se mães.

“O método Canguru fala de etapas, modos de fazer, mas atinge dimensões maiores, a exemplo de como a gente enxerga a vida e enxerga o outro e contribui para que esse meio seja melhor a partir de cada sujeito”, explica. Aline lembra que foi preciso produzir ciência para as pessoas voltaraem a acreditar no cuidado. “Por isso é preciso trabalhar ações para qualificar o cuidado desde a porta de entrada ate a UTI deste hospital”, assegurou.