Cem anos de Paulo Freire: Para Esperançar com Uma Carta Sertaneja

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Cem anos de Paulo Freire: Para Esperançar com Uma Carta Sertaneja

“Uma carta sertaneja”
Sugeriu o meu colega:
O Otacílio Batista
Que um poema me entrega
Contou-me numa entrevista :
Que ao “Freireano” se apega

Meu colega foi meu mestre
Um professor de renome
Otacílio é só festa!
É adjetivo e pronome
Nesse momento me empresta
Para um cordel, o seu nome

Um aprendiz de cordel
O Otacílio quer ser
Pediu- me pra lhe ensinar
Corri pra lhe atender
Gosto muito de ajudar
De mostrar o meu saber

Eu que aprendi com ele
Posso agora lhe ensinar
Nosso saber diferente
Faz esse mundo mudar
Faz gente somar com gente
É bom pra esperançar

Somos todos aprendizes
(Isso não nos surpreende)
E você ,Freire ,dizia
Que quem ensina , aprende
Meu verso e rima sadia
Sei que algum alcance rende

Entendendo o seu pensar
Eu preparo minha missiva
Pensando bem no sertão
E em gente apreensiva
Que quando água cai no chão
Nasce em natureza viva

Carta com um DE e PARA
Enviada ao coração ,
Do lado esquerdo do peito,
Pra você ter emoção
Deixando o lado direito
Orgulhoso da missão

De Cristine para Paulo
Saindo da Guarabira
O correio celestial
Recebe até macambira
Prum seio imaterial
De um Paulo que só inspira

Hoje moro aqui no Brejo
Mas vivi no bom sertão
Na formosa Cajazeiras
Berço de Educação
Recordo das brincadeiras
E de toda a formação

Você por lá era lido:
Homem de saber modesto
Essa carta é um pedido
Parece até manifesto
Quero vê-lo deferido
Assino embaixo e atesto

Uso aqui palavra – pele
Em meio à palavra vida
Somando a palavra alma
Usando a mão atrevida
Estendendo toda calma
Curando a dor da ferida

A dor que está no menino,
Na sertaneja menina
A dor que está no Brasil
Que surge logo na esquina
Uma dor que anda à mil
Sem saber onde termina

Precisamos do teu colo
Volte ! Traga seu saber!
Para que mãos calejadas
Não mais venham se perder
E memórias apagadas
Acordem no amanhecer

Estarei lhe aguardando
E o Otacílio também
Precisamos lhe informar
De mudança que ora tem:
Que aprender e ensinar
A internet detém

Serás nosso YouTuber
(Vale agora o virtual)
Daremos-lhe cobertura
Pra criar o seu canal
Se embrenhe nessa aventura
É esse o novo normal

Prepararemos terreno
Pra você ter seguidores
Teremos zelo e cuidado
Pra não teres dissabores
Conteúdo desvelado
Que afaste vis senhores

Até mesmo no sertão
Há essa a realidade
Voltou o tempo da fome
Jovem quer facilidade
Internet que consome
É essa a voracidade

És flor de Mandacaru
Bem dentro desse deserto
Um caminho bem florido
Pra deixar um homem esperto
Só você pra dar sentido
Com seu paraíso aberto

Nosso Bioma é mais belo
Com a sua sabedoria
Tem mais fruto o Juazeiro
Dentista faz poesia
Para um povo brasileiro
Ora, ora ! Quem diria?

Nos ares a arribaçã
Deixando o céu mais bonito
Venha pra almoço elegante
Com cozido de cabrito
É convidado brilhante:
Freire o verdadeiro mito!

Cristine Nobre Leite

Assista aqui a poetisa recitando seu poema-carta: “Uma carta sertaneja”