Me chamo Alaide Marie Correia, estudante do 9º período de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Compartilho minha experiência durante o internato em Saúde Mental no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Dr. Rostan Silvestre, em Maceió/AL.
Durante algumas semanas, acompanhei a rotina do CAPS e vivenciei o cuidado ofertado por uma equipe comprometida, que valoriza a escuta e o vínculo com cada usuário. Desde o primeiro contato, o acolhimento se mostrou uma prática recorrente.
No primeiro dia, conheci a área verde — uma horta recente, mas já muito impressionante pelo zelo de quem cuida e pela esperança de que o projeto possa crescer para além dos muros do CAPS. Ali, os usuários compartilham saberes que já trazem consigo sobre ervas, hortaliças e raízes, reconhecendo o valor do que aprenderam ao longo da vida. Ao mesmo tempo, descobrem novas plantas, seus usos e benefícios, e aprendem a cultivar, cuidar e replantar, produzindo vasos e fortalecendo laços com a terra e com os outros. A horta se mostra como espaço fértil — no sentido literal e simbólico — de cuidado, pertencimento e construção de autonomia.
Também participei do início do grupo de teatro, voltado à expressão e preparação corporal para uma grande apresentação que acontecerá nos próximos meses. A experiência desconstruiu minha ideia de encenação como algo ensaiado e rígido, apresentando, em vez disso, um processo que nasce devagar no corpo e nas emoções, respeitando os limites e explorando as potências individuais e coletivas.
O grupo de meditação guiada foi outro momento marcante, que trouxe pausa e reconexão, revelando a importância do corpo e da respiração no cuidado iintegral. Por fim, “The Voice”, último grupo que participei, promoveu bastante risadas, canto e dança, até mesmo dos mais tímidos, mostrando como a música pode ser um potente veículo de expressão e encontro.
Nas dependências do CAPS vi trabalhos do projeto Luz Refletida — através da oficina de fotografia valoriza a expressão do Eu, a qual deriva das experiências e saberes dos usuários — mostra o quanto o cuidado pode fortalecer a auto estima, capacidade crítica e o poder de observação e de concentração do indivíduo.
A experiência no CAPS Dr. Rostan Silvestre revelou o impacto da Reforma Psiquiátrica, ao proporcionar um ambiente de convivência e autonomia, muito diferente do modelo manicomial. Este cuidado é sustentado por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, essencial para acompanhar integralmente os usuários.
Agradeço profundamente aos profissionais do CAPS e aos usuários, que compartilharam seus desafios e esperanças comigo.
Por patrinutri
Que relato maravilhoso Marie! Obrigada por ter compartilhado suas vivências e parendizados conosco. Pude perceber o quanto as ofertas de atividades são variadas e com o foco na liberdade de expressão, em geral artística e numa saúde desmedicalizante,
Desejo que sua josrnada seja tocada por toda esta vivência e que na sua prática médica posso deixar espaço para estas vivências e saberes, tanto para o bem estar da pessoas que cruzarem seu caminho como para você mesma!
Sucesso! E aguardamos novas experiências suas relatadas por aqui!
AbraSUS!