Nós, Sarah Macedo e Noemi Ramos, internas da disciplina de saúde mental, da Universidade Federal de Alagoas, realizamos estágio no CAPSi Dr. Luiz da Rocha Cerqueira, um centro voltado ao atendimento de saúde mental infantil. Atuamos junto ao Dr. João Martins, que nos proporcionou aprendizado significativo sobre quadros como TDAH e TEA. Este relato integra nossa vivência direta com informações fundamentadas na estrutura e importância dos CAPS infantil.
O CAPSi (Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil) atende crianças e adolescentes com transtornos mentais graves ou persistentes por meio de equipes multiprofissionais, incluindo psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e enfermeiros. Um dos pontos centrais é a oferta de oficinas terapêuticas, que promovem expressão artística, habilidades sociais e geração de renda, favorecendo reinserção social, autonomia e fortalecimento de vínculos.
As oficinas são espaços onde as crianças podem brincar, criar, interagir e expressar suas emoções em um ambiente acolhedor, contribuindo de forma decisiva para o tratamento e prognóstico dos transtornos psiquiátricos .
A saúde mental infantil requer atenção precoce, diagnóstico acurado e abordagem multifacetada. Transtornos como TDAH e TEA são frequentemente comorbidos e exigem intervenções comportamentais e, por vezes, medicamentosa. Protocolos do Ministério da Saúde orientam o manejo clínico do TDAH, destacando seu caráter crônico e impacto funcional.
O CAPSi emerge como peça chave na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), oferecendo suporte terapêutico contínuo, articulação territorial e cuidado centrado na criança, com planos terapêuticos singulares que envolvem também a família.
Sob orientação do Dr. João, tivemos contato direto com o manejo clínico de diversos transtornos. O Dr. nos guiou com muita dedicação e paciência em avaliações, entrevistas e acompanhamentos, fortalecendo nossa confiança como futuras médicas generalistas. Aprendemos:
Estratégias comportamentais e intervenção precoce para TDAH, fundamentais em crianças menores de 6 anos.
Manejo de TEA: abordagem multiprofissional, educação parental e exercícios de habilidades sociais.
Participamos de atendimentos clínicos, reuniões de equipe e avaliação de comportamentos. A experiência nos preparou para condutas seguras em serviços de saúde, respeitando protocolos e definindo quando encaminhar ou tratar diretamente.
Observamos as crianças participando de oficinas que:
Favorecem a expressão emocional e a interação social;
Oferecem ambiente seguro e acolhedor para o desenvolvimento infantil;
Auxiliam na construção de vínculo entre equipe, criança e família.
Esses espaços amplos para brincar e interagir complementam o tratamento, fortalecendo prognósticos e promovendo inclusão social.
O CAPSi enfatiza o trabalho em rede — escolas, UBS, assistência social — e o cuidado territorializado. Isso garante acompanhamento longitudinal, acesso facilitado e respostas personalizadas aos desafios de cada criança e seu contexto social.
O estágio no CAPSi Dr. Luiz da Rocha Cerqueira, foi fundamental para:
Entender quadros psiquiátricos infantis com profundidade clínica;
Desenvolver segurança nas condutas generalistas;
Reconhecer a relevância das oficinas e atividades como parte essencial do tratamento e prognóstico;
Valorizar a saúde mental infantil como prioridade de intervenção precoce e integrada.
Somos gratas pela oportunidade de vivenciar um modelo humanizado e comunitário, que reforça nossa convicção de que a atenção psicossocial na infância é pilar para um desenvolvimento mais saudável e inclusivo.