Relato de Experiência no Estágio de Saúde Mental em um CAPS

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Acadêmicas de Medicina do Internato em Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas: Ingrid Ribeiro Soares da Mata e Marília Pereira Soares Marques Vieira

Relato aprendizados obtidos durante o estágio no CAPS Sadi de Carvalho

O Centro de Atenção Psicossocial – CAPS Sadi Feitosa de Carvalho, que fica localizado na cidade de Maceió-AL, foi o local de prática destinado a nós estudantes para o desenvolvimento de parte do estágio de Saúde Mental da faculdade de Medicina. Este ambiente desafiador e acolhedor nos proporcionou uma nova perspectiva sobre a saúde mental, o cuidado em saúde pública e o papel do profissional como agente de mudança na vida dos usuários.

Logo no início, fui introduzido à rotina do CAPS, que se destaca por seu caráter interdisciplinar e humanizado. A equipe, composta por psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras, terapeutas ocupacionais e enfermeiros, trabalha de forma integrada, colocando o usuário no centro do cuidado. Esse contato nos ensinou sobre a importância da escuta ativa e do olhar individualizado para compreender as necessidades de cada pessoa.

Uma das experiências mais marcantes foi nossa participação nos grupos terapêuticos. Em uma roda de conversa, pude observar como os usuários compartilhavam suas histórias e construíam um espaço de apoio mútuo. Em outro momento, participamos da triagem e acolhimento de novos membros do CAPS, despertando em nós o interesse em conhecer como se dá o acesso ao serviço, bem como as regras para permanência do usuário no meio.

Os usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) enfrentam diversas dificuldades no acesso ao tratamento adequado, incluindo a falta de medicações essenciais na rede pública de saúde, longos períodos de espera para atendimentos e a escassez de profissionais qualificados para oferecer suporte contínuo. Além disso, os próprios profissionais de saúde também lidam com desafios diários, como a ausência de espaços adequados para atividades em grupo, a falta de materiais para exercícios físicos terapêuticos e a sobrecarga de trabalho, o que compromete a qualidade do atendimento e o bem-estar dos pacientes. Essas limitações impactam diretamente a efetividade do tratamento, dificultando a reintegração social e a recuperação dos usuários.

Por fim, o estágio no CAPS consolidou em nós a visão de que a saúde mental vai além do tratamento médico: ela envolve o acolhimento, a promoção da cidadania e a valorização do potencial humano, sendo portanto um forte instrumento da luta antimanicomial. Esse aprendizado será, sem dúvida, um alicerce para nossa prática profissional futura, reafirmando nosso compromisso com o cuidado humanizado e inclusivo.