Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as

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O diagnostico de Esclerose Múltipla acima de qualquer coisa foi sem sombra de dúvidas o marco inicial de uma vida de incertezas. Faz 12 anos que o início da minha verdadeira jornada começou, ou pelo menos abriu as portas para que outras aventuras acontecessem e ainda hoje encontra caminhos para me levar a lugares dos quais eu não conheço.

A esclerose mostrou-me quanto capaz eu sou de fazer coisas extraordinárias, coisas das quais eu jamais pensei que um dia eu faria, graças a ela conheci pessoas maravilhosas, somei amigos e afastei-me naturalmente de quem não queria meu bem. Acredito que a vida segue um rumo cíclico e com o tempo entendemos que as coisas precisam acabar para outras acontecerem.

Até hoje passei por quatro tipos de tratamentos para controlar a EM, destes o ultimo foi o mais agressivo, porém o que de fato mantém a doença em estabilidade.  A aplicação da Política Nacional de Humanização (PNH) sempre esteve presente e se fez eficaz proporcionando tratamento de qualidade prestados por  toda equipe Inter profissional do SUS. Os envolvidos colaboraram de forma significativa durante os processos de triagem, aplicação e acompanhamento do meu tratamento nos períodos que utilizei o serviço.

Decorrente aos surtos anteriores provocados pela doença tornei-me uma pessoa com deficiência (PCD), mas nunca deixei de acreditar em milagres, em particular os que acontecem todos os momentos e muitas vezes relutamos não enxergar. É maravilhoso participar do crescimento do meu sobrinho, pega-lo nos braços e ver o quanto a vida pode ser linda.

Minha fé por um pequeno período de tempo ficou abalada e por muitas vezes questionei o Criador: “Deus por que dar doença ao seu filho?”. Como resposta compreendi que as doenças e as dificuldades não vêm de Deus, pelo contrário, Ele nos fortalece para continuarmos na luta e nos carrega nos braços quando não temos mais ânimo para continuar.  Com a permissão de Deus hoje me faço instrumento de cura.

Em 2019 no Hospital do Sarah Kubistchek em Brasília durante 30 dias passei por uma reabilitação intensiva. Tive a oportunidade de conhecer caminhos diferentes e possíveis para recomeçar, além do crescimento pessoal que adquiri.  “A palavra gratidão ganhou outros significados para mim”.

Atualmente faço parte da Associação Paradesportivos Oeste Paulista (APOP) na modalidade de Natação, sou paratleta, deixei a aposentadoria por invalidez e atualmente trabalho na Coordenadoria dos Direitos da Pessoa Com Deficiência na Cidade de Presidente Prudente/SP.

Tenho fé e acredito fielmente que meus sonhos estão só começando, ou melhor, já começaram, mas tudo muda e novas possibilidades surgem, a trajetória não é fácil, mas também não é impossível, o caminho é cheio de amigos e conquistas.