Sexualidade, gênero e educação: como ocorre a prática do psicólogo escolar?

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É possível entender que o tema gênero e sexualidade são assuntos da psicologia enquanto ciência e profissão, e o resultado disso é a importância da formação dos acadêmicos durante a graduação. Na intenção de contribuir para que a psicologia não seja cristalizada e debruçada exclusivamente em suas verdades conformadas, a proposta do texto é discutir a contribuição da psicologia em relação ao gênero e sexualidade no âmbito escolar. A psicologia possui diferentes maneiras de compreender o ser humano, essa compreensão pode se dar por meio de um olhar de diferentes abordagens, dessa forma, esse olhar é alicerçado em teorias que explicam a construção e as nuances das subjetividades (AMARAL, RIBEIRO, DE BARROS, 2021). Pensar sobre gênero e sexualidade nas escolas não está sendo prioridade nos projetos pedagógicos, esse modelo busca trabalhar assuntos variados, e muitas vezes deixa esse tema que é tão importante para construção de identidade de crianças e adolescentes de lado, pois muitas escolas ainda preferem adotar práticas pedagógicas mais tradicionais, pois acreditam que a aprendizagem se dá apenas através da transmissão de conhecimentos, e falar sobre esse tema acaba gerando um desconforto entre os pais. Por isso, falar sobre gênero e sexualidade é um assunto que deve estar presente em diversos acontecimentos do dia a dia da criança e do adolescente, pois ocorre através de interações escolares e não escolares, onde a importância de tal conhecimento afeta na maneira que ele vive e projeta o mundo (FRISON, 2008).

Procurou-se investigar a respeito desse assunto, devido aos últimos anos ser um assunto que acabou gerando indignação em muitas famílias, pois falar sobre gênero e sexualidade acabava influenciando seus filhos a tais orientações ou práticas sexuais. Por isso investigou-se saber essa relação e como o psicólogo pode intervir nessas questões no âmbito escolar. A presente pesquisa é classificada como descritiva, qualitativa e bibliográfica. Conforme Sampieri, Collado e Lúcio (1998), o estudo descritivo é definido como algo que se preocupa em expor como um dado fenômeno se manifesta em uma determinada situação ou evento. No entanto, essa pesquisa é caracterizada como descritiva, pois procura identificar e discorrer em como a escola junto ao psicólogo abordam as questões de gênero e sexualidade, e porque os pais enxergam isso como um problema. Segundo Minayo (2001), a pesquisa qualitativa preocupa-se em compreender os aspectos da realidade que não são quantificados, focando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. Portanto, a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde de um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Para a pesquisa bibliográfica, segundo Gil (2006), a principal vantagem desta pesquisa é residir no fato que ela permite investigar uma extensão de fenômenos que já foram descritos anteriormente. Esse tipo de pesquisa é feito através de materiais já publicados em periódicos. Por isso, esse estudo é considerado bibliográfico devido as fontes de consultas nas plataformas científicas onde a temática já foi desenvolvida. Portanto essa pesquisa foi realizada através das plataformas, Plataforma de pesquisa cientifica Scielo Brasil, e Google Scholar. Os dados foram analisados a partir da proposta de Gil (2010). Assim, a leitura do material foi realizada em quatro etapas: leitura exploratória, seletiva, analítica e interpretativa. Na primeira foi realizada a leitura geral dos textos. Na segunda foram selecionados os textos que interessavam ao estudo. A terceira etapa teve por finalidade ordenar as informações com o intuito de atender ao objetivo da pesquisa. Por fim, a última etapa do processo de leitura das fontes bibliográficas foi interpretar o conteúdo selecionado, a fim de descrever e discutir de forma sucinta as possíveis contribuições do Psicólogo no âmbito escolar em relação as questões de gênero e
sexualidade.

Na psicologia a temática sobre gênero e sexualidade é um dos pontos centrais para as discussões, porém, ainda existem profissionais que permanecem introvertidos quanto a esse assunto e o seu papel nesses debates, principalmente no que tange sobre diferença sexual, identidade de gênero e diversidade sexual. A psicologia é um campo que atravessa fortemente as verdades elaboradas a respeito das questões de gênero e sexualidade, desde a teoria de desenvolvimento, ela traz diversas explicações (DOS ANJOS, LIMA, 2016). O olhar da psicologia com base nas discussões sobre gênero e sexualidade, torna-se necessário e importante nas escolas, auxiliando os professores e repassando conhecimentos a respeito do assunto, orientando os alunos a qualquer dúvida que apresentar. Muitos pais apresentam-se revoltados diante desse assunto, pois na sua percepção a escola está influenciando a atos sexuais ou sobre questões de gênero, como o homossexualismo. Mas falar sobre gênero e sexualidade na escola é fazer com o que o aluno conheça a si mesmo, seu corpo, doenças, situações emocionais em relação a isso que pode estar acontecendo e lidando sozinho sem ninguém para auxiliar (AMARAL, RIBEIRO, DE BARROS, 2021). A atuação do psicólogo inserido no meio escolar, faz com que através de sua formação e especialização, possa abordar a temática de forma a educar e orientar esse tema, a fim de ser discutido, refletido e desenvolvido por todos. Ele possibilita descontruir o estigma e preconceito envolvido ao tema, oportunizando questionamentos, críticas e reflexões dos alunos em relação ao assunto, abrindo espaço para que ele possa desenvolver autonomia, e exerça sua subjetividade e individualidade no contexto escolar e na sua vida pessoal (VIANA, LEHNHARD, GABARDO, 2018). É possível compreender que o psicólogo ainda possua algum diferencial em relação a sua formação, se tratando de intervir nesse assunto sobre gênero e sexualidade no âmbito escolar, pois uma das competências importantes é ele possuir uma escuta qualificada, não se sobrepondo a julgamentos. Essa especialidade é específica, mas não exclusiva do psicólogo, porém ele possui uma relevância no trabalho com gênero e sexualidade no meio escolar, principalmente, quando isso é compreendido para além de uma transmissão de conhecimentos, de maneira que abarque aspectos emocionais e afetivos dos alunos. Esse assunto é um tema que ainda deve ganhar ênfase, pois a importância da educação sexual na escola vai além de gênero e sexualidade, abarca também o reconhecimento de violências, evitando tais situações como abuso sexual. Os
pais deveriam procurar compreender a importância desse tema nas escolas, pensando mais nos filhos do que achando que estão protegendo, pois quando acabar despertando curiosidade sobre o tema ele vai adquirindo conhecimento que muitas vezes não será o correto. Por isso omitir esse assunto pode gerar consequências maiores do que deixar que ele seja educado e orientado da forma correta.