Um olhar diferente sobre a saúde mental – uma experiência no CAPS dr. Sadi
Durante o período de estágio em psiquiatria, tivemos a oportunidade de vivenciar experiências riquíssimas no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) dr. Sadi Feitosa, localizado em Maceió/AL. Essa unidade desempenha um papel essencial no cuidado à saúde mental da comunidade, promovendo um atendimento humanizado e integrado às necessidades dos usuários.
Diferente de todas as outras áreas da medicina, a saúde mental não possui unanimidade em seu tratamento. Logo, conhecer outras formas de terapia é fundamental para uma formação universal de médico.
Ao longo do estágio, participamos e colaboramos no desenvolvimento de diversas atividades em grupo voltadas para a promoção da saúde mental, socialização e reabilitação psicossocial dos usuários. De todas as atividades que participamos, destacaremos aqui algumas, tais como:
Grupo de Música: ocorrem nas segundas, sendo acompanhadas por um profissional da educação física. Utilizamos instrumentos simples e músicas conhecidas, muitas vezes, escolhidas pelos próprios usuários, para estimular a expressão emocional, a memória e a interação social. Muitos usuários demonstraram entusiasmo ao cantar revelando emoções e histórias pessoais.
Jogos Educativos: Desenvolvemos jogos de tabuleiro, desafios de memória e dinâmicas de grupo que estimularam a cognição, a atenção e o trabalho em equipe. Sendo comandadas, na maioria das vezes, também pela educação física. Visualizamos como o lúdico é essencial para a aprendizagem e fortalecer vínculos.
Rodas de Conversa: As rodas ocorrem, principalmente, nas quatas, sendo conduzidas pela equipe de psicologia. Lá ocorria partilha genuína, poiis nem todos conseguem ser acompanhados pela psicologia individualmente. Temas como autocuidado, emoções, relações familiares e o valor da amizade foram abordados de forma aberta e acolhedora. Esses espaços possibilitaram a escuta ativa, o fortalecimento da autoestima e a construção de um sentimento de pertencimento.
O contato direto com os usuários do CAPS nos fez compreender, na prática, que a saúde mental vai muito além de evitar a presença de sintomas de transtornos psíquicos. Ela está relacionada à capacidade de se adaptar, criar laços, expressar sentimentos e encontrar significado nas experiências do dia a dia.
As atividades em grupo mostraram-se fundamentais para o processo terapêutico, pois promovem:
Socialização: Muitas pessoas com transtornos mentais sofrem com o isolamento social. As dinâmicas de grupo ajudam a reconstruir redes de apoio. Além das dinâmicas, o CAPS possui atividades sociais, tais como o brechó.
Reabilitação psicossocial: As oficinas e atividades práticas são instrumentos de melhoria da autonomia.
Expressão emocional: A música, a dança e as conversas criam espaços seguros para que os usuários expressem seus sentimentos de maneira não ameaçadora.
Essa vivência no CAPS foi transformadora, tanto do ponto de vista acadêmico quanto pessoal. Pudemos perceber que a abordagem coletiva e interdisciplinar, centrada na singularidade de cada usuário faz a diferença na promoção da saúde mental.
Finalizamos este relato com um sentimento de gratidão por cada experiência e aprendizado. Fortalecemos a convicção na importância da humanização dos cuidados em saúde mental e no poder da escuta, do acolhimento e do respeito às trajetórias individuais.
Por Emilia Alves de Sousa
Olá, Kristhyellen!
Que belo relato você nos presenteia nesta publicação! Ele nos mostra que o CAPS é muito mais do que um espaço de tratamento: é um lugar vivo de escuta, acolhimento, convivência, afetos e construção de protagonismos. Um verdadeiro território de cuidado integral e de promoção da vida.
Parabéns por compartilhar essa experiência tão rica aqui na Rede!
AbraSUS!