Sou José Lucas Santos Bezerra, estudante do Internato em Saúde Mental da Faculdade Federal de Alagoas e realizei o estágio no CAPS Casa Verde. Essa postagem se trata de um relato dos aprendizados obtidos durante o período de estágio. Os usuários do CAPS, em sua maioria, foram internados ao menos uma vez no Hospital Escola Portugal Ramalho (HEPR) que herda um estilo de manicômio. Dessa forma, deparando-se com essas duas realidades, notei o grande passo que se deu com a reforma psiquiátrica de 2001. No CAPS casa verde, observou-se de forma marcante a autonomia que esses usuários detém, podendo ir para casa, realizar seus afazeres domésticos, realizar compras etc. Notou-se também a construção de amizades entre esses usuários, alguns até visitam uns aos outros, a socialização permite uma vida mais digna para esses indivíduos. Participei de grupos, como “tarde de cinema”, “bora conversar”, que aborda temas diversos, “educação em saúde”, que aborda sobre assuntos como diabetes, hipertensão, a importância de atividades físicas etc. Outro grupo bastante interessante é o “ouvidores de vozes” que aborda as “vozes” ouvidas pelos usuários no decorrer da sua vida, desconstruindo tabus sobre sofrimentos mentais que envolve tal alucinação, pois permite que os usuários compartilhem experiências atuais ou passadas, que servem de alento para eles. Associado a essas atividades, os usuários disponibilizam de uma equipe de saúde e distribuição de medicamentos, necessários para a promoção de sua saúde. Muita coisa ainda precisa ser feita para se chegar a uma assistência exemplar em saúde mental, mas a experiência que tive no CAPS Casa Verde me convenceu de que estamos num caminho muito melhor do que o anterior à reforma. Comparando aos antigos manicômios, pode-se dizer que se vive um sonho.