Voluntária retribui acolhimento e se une a colaboradores do HMIJS no Mês da Mulher

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Antes de começar a pintura, ela alisa a barriga da paciente e conversa com o bebê que está prestes a nascer. Sente mexer enquanto fala – e comenta emocionada. “Olha a mãozinha dele”. Em seguida, Bia segura o pincel, mistura um monte de tinta guache e pergunta aos pais: quer que eu desenhe o que pra vocês? O sonho de Carlos Alberto é ver o filho surfar sobre as ondas de Itacaré. É a pintura que ele pede. Na barriga de Delfina, a esposa, a cena foi, aos poucos, se tornando a imagem projetada deste desejo. A este gesto Beatriz Saraiva dá o nome de agradecimento. Os pais, beneficiados, definem como acolhimento, carinho. Mas a melhor definição vem depois: retribuição. “Estou oferecendo de volta o que tive muito e por muito tempo por aqui”, resume Bia.

Ela é mãe de Oliver Samuel que a aguarda em casa, cheio de vida. “Agora dá para respirar”, confessa. Bia e Ítalo, o pai, viveram momentos difíceis no HMIJS. Oliver nasceu com apenas 30 semanas. Dos 68 dias que permaneceu no hospital, 48 passou pelas UTIs Neonatal, Intermediária e Canguru. 33 dias ele esteve intubado. “Desde o início houve intercorrências. Vivemos momentos muito difíceis. E a maneira que a equipe conversava com a gente era humanizada demais”, relata. “A gente percebia que eles entendiam as nossas tristezas e nos atendiam como quem se importava mesmo com os outros”, completa.

Reconhecimento

A relação tornou-se tão sólida que Oliver ganhou até um nome composto: Oliver Samuel. “Nós decidimos homenagear o médico que nos atendeu, o doutor Samuel. Ele esteve presente conosco em todos os momentos”, explicou. Para Bia, a mãe do “Bebê do Leito 9”, como ficou conhecida entre as outras gestantes e puérperas, agora é tempo de retribuir. Ela se uniu aos voluntários, colaboradores do próprio hospital, para oferecer iniciativas que pudessem ajudar no acolhimento de outras mulheres, especialmente no momento que antecede o parto.

Bia, que é tatuadora, pintou sonhos. Júlia, que é do Setor Administrativo do hospital – mas atua nas horas vagas como design de sobrancelhas -, elevou a autoestima das gestantes. O fisioterapeuta Elber Brito e técnica de Enfermagem Maria Suzais Goes, promoveram massagem nos pés. A técnica de Enfermagem Alecssandra Santana também ajudou no relaxamento de todo o corpo das pacientes. O enfermeiro obstetra Felipe de Souza esclareceu sobre a importância do estímulo ao parto natural e, no Centro de Parto Natural (CPN), a equipe técnica conversou sobre formas de relaxamento e auxílio na hora do parto. Todas estas iniciativas marcaram a extensa programação elaborada para o Mês da Mulher no HMIJS, com distribuição de presentes.

As comemorações serão encerradas com uma programação que acontece na quinta e sexta-feira. No dia 30, às 16 horas, haverá uma dinâmica com psicólogos e terapeutas ocupacionais, seguida de uma roda de conversa com gestantes e puérperas. No dia 31, o ambulatório do hospital funcionará durante todo o dia para aplicação da vacina bivalente nas colaboradoras da unidade. As funcionárias também terão disponíveis, avaliações e orientações nutricionais. A programação será encerrada no final da tarde, com música e dança para as colaboradoras e mulheres internadas.

Avançar

O diretor-geral da Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS), Ricardo Mendonça, visitou algumas das iniciativas que marcam as comemorações do mês e assegurou que a parceria entre a fundação que dirige e o Governo do Estado busca, sobretudo, reafirmar o direito assegurado ao atendimento de qualidade, buscando permanentemente melhorias para a população do sul e baixo-sul da Bahia e, também, aos profissionais da FESF que atuam na unidade. Ele anunciou que, em breve, novos serviços serão ofertados à população.