VER-SUS e RHS: dispositivos de diálogo na formação em saúde e nos serviços de saúde

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"Começo essa postagem falando um pouco do que está me movimentando ultimamente…". Essa é a frase que dá início ao primeiro post publicado na Rede HumanizaSUS relatando uma vivência do VER-SUS, de Thatiane Veiga (https://redehumanizasus.net/12671-nos-caminhos-do-sus). Com essa ideia, do que nos movimenta ultimamente nesta rede de afetos, aproveitando os debates do "Encontro Paulista do VER-SUS" (https://redehumanizasus.net/91740-encontro-paulista-do-ver-sus-produzindo-reflexoes-e-acoes-no-campo-da-formacao-em-saude) é que pretendo mostrar um recorte a partir da RHS dessas vivências e estágios na realidade do Sistema Único de Saúde, conectando os pontos que unem trabalhadores, gestores e usuários do SUS na formação de pessoas que buscam o fortalecimento da saúde enquanto direito.

Destaco inicialmente os dois pontos "de organizações" deste diálogo: VER-SUS e RHS.

Em sua apresentação (https://www.otics.org/estacoes-de-observacao/versus/versus/apresentacao) o VER-SUS é definido como um projeto que "possibilita o despertar de uma visão ampliada do conceito de saúde, abordando temáticas sobre Educação Permanente em Saúde, quadrilátero da formação, aprendizagem significativa, interdisciplinaridade, Redes de Atenção à Saúde, reforma política, discussão de gêneros, movimentos sociais, questões que estão intrinsecamente relacionadas à saúde, ao SUS."

 

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Em inafastável paralelismo, a Rede HumanizaSUS se apresenta como "a rede social das pessoas interessadas e/ou já envolvidas em processos de humanização da gestão e do cuidado no SUS. Nosso objetivo é criar uma rede de colaboração, que permita o encontro, a troca, a afetação recíproca, o afeto, o conhecimento, o aprendizado, a expressão livre, a escuta sensível, a polifonia, a arte da composição, o acolhimento, a multiplicidade de visões, a arte da conversa, a participação de qualquer um." (https://redehumanizasus.net/4-a-rede-humaniza-sus)

A Rede HumanizaSUS surgiu em 2007 para mostrar o "SUS que dá certo", com uma outra visão do sistema público de saúde na disputa de narrativas e de sentidos que vivemos desde a criação do SUS com as promulgações da Constituição Federal de 1988 e da Lei do SUS de 1990, que permitiram à iniciativa privada a prestação de serviços de saúde. Essa disputa afigura-se muito clara num cenário com financiamento de campanhas eleitorais por planos de saúde, que também ocupam os espaços publicitários da mídia em geral.

Além de divulgar ações exitosas do sistema público de saúde, a RHS surgiu como espaço de trocas de experiências entre os trabalhadores do SUS, e como plataforma de aprofundamento das reflexões sobre as práticas da humanização em saúde, a partir das diretrizes da Política Nacional de Humanização (PNH).

Permitindo a participação de qualquer pessoa, e frequentada por gestores, trabalhadores e usuários do SUS, a RHS constituiu-se como campo aberto a experimentações e vivências.

Uma das experiências que vem movimentando bastante a RHS durante este ano de 2015 é a utlização da rede na formação em saúde. No post "Gestão, administração e processos de trabalho: a RHS como sala de aula da UNB e encontros incidentais entre fluxos de RHS-nautas" (https://redehumanizasus.net/92039-gestao-administracao-e-processos-de-trabalho-a-rhs-como-sala-de-aula-da-unb-e-encontros-incidentais-entre-fluxos-de-rhs-na) Miguel Maia faz uma excelente análise do encontro promovido pelo Professor Gustavo Nunes de Oliveira entre seus alunos de Gestão em Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB) e os usuários, gestores e trabalhadores do SUS dentro da Rede HumanizaSUS.

 

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A primeira turma do Professor Gustavo (https://redehumanizasus.net/91790-alo-alo-rhs-boas-vindas-a-uma-nova-turma-de-gestao-em-saude-coletiva-unb), além de permitir que vivêssemos com os alunos a experiência do aprender numa rede de afetos – que nos enriquece como pessoas e como espaço de "construção daquilo que muitas das vezes buscamos idealizar", de "casamento da teoria com a prática", como bem expressou Loyanne Chaves (https://redehumanizasus.net/91068-a-todos-o-meu-muito-obrigado), transformou o espaço de uma aula em exercício compartilhado da cidadania e da democracia, de forma que o conhecimento não fique preso aos muros da universidade, como podemos presenciar em inúmeros posts da tag "GSCUNB" (https://redehumanizasus.net/category/tags/gscunb), entre eles o belo debate sobre acolhimento do post "A escuta" de Carina Paiva (https://redehumanizasus.net/90510-a-escuta).

 

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Além dos alunos da UnB, a RHS já contava com a participação dos estudantes de psicologia da Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA), cujos posts estão reunidos na tag "FISMA" (https://redehumanizasus.net/taxonomy/term/25046), e mais recentemente com a turma de psicologia do Professor Fabio Hebert da Universidade Federal do Espírito Santo (https://redehumanizasus.net/92072-a-experiencia-de-compartilhar-experiencias-de-sus), estreando com o potente post de Victoria Pianca "Relato de um primeiro contato com o SUS" (https://redehumanizasus.net/92077-relato-de-um-primeiro-contato-com-o-sus) sobre sua visita a uma unidade básica de saúde.

 

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Neste mesmo contexto de formação em saúde em rede estão os relatos sobre o VER-SUS. Dando um "rolezinho" pelo VER-SUS na Rede HumanizaSUS podemos verificar que:

– há 23 posts (número que provavelmente vai aumentar após o trabalho dos editores com a regularização do tageamento) na tag "VER-SUS": https://redehumanizasus.net/taxonomy/term/24874;

– a busca com o termo "ver-sus" na RHS apresenta 87 resultados, incluindo posts, comentários e perfis: https://redehumanizasus.net/search/node/ver-sus;

– desses resultados, 14 são perfis em que o usuário da RHS se define como vivente do VER-SUS (e revela como as vivências afetam os estudantes que delas participam, a tal ponto do VER-SUS ser incorporado à sua definição enquanto pessoa): https://redehumanizasus.net/search/node/ver-sus?page=8 e https://redehumanizasus.net/search/node/ver-sus?page=7

E o que dizem os posts da tag "VER-SUS" sobre o VER-SUS?

O VER-SUS faz a gente acreditar na continuidade do Sistema Único de Saúde (https://redehumanizasus.net/92167-encontro-afetivo-com-coordenadores-do-ver-sus-sao-paulo-e-viventes), produzindo ações e reflexões no campo da formação em saúde (https://redehumanizasus.net/91740-encontro-paulista-do-ver-sus-produzindo-reflexoes-e-acoes-no-campo-da-formacao-em-saude), como um novo espaço de aprendizagem (https://redehumanizasus.net/91107-inscricoes-abertas-para-o-ver-sus-inverno-2015-rmr).

O VER-SUS, uma oportunidade para universitários conhecerem o SUS (https://redehumanizasus.net/91104-ministerio-da-saude-abre-inscricoes-para-ver-sus-2015-na-sms), permite estimular uma aproximação dos estudantes de graduação com os territórios e o fortalecimento dos diálogos entre gestão e serviços de saúde (https://redehumanizasus.net/91013-ver-sussao-paulo-formacao-politica-em-saude-na-escola-nacional-florestan-fernandes-do-mst), (re)inventando o trabalho em saúde (https://redehumanizasus.net/88944-projetos-terapeuticos-singulares-e-projetos-singulares-de-gestao-o-ver-sussao-paulo-em-maua-reinventando-o-trabalho-em-sau).

É uma oportunidade única (https://redehumanizasus.net/88745-projeto-ver-sus-no-rio-grande-do-norte-conclui-mais-uma-edicao) de aprendizagem no cotidiano de trabalho das organizações e serviços de saúde (https://redehumanizasus.net/88504-ver-sus-alagoas) ao incentivar o debate político e ressaltar a capacidade da participação popular para a construção de um SUS cada vez mais forte (https://redehumanizasus.net/88453-participantes-do-ver-sus-exigem-formacao-voltada-para-o-sus-na-univasf).

Consiste numa importante ferramenta de educação em saúde que visa ressignificar a formação acadêmica (https://redehumanizasus.net/88423-ver-sus-no-vale-do-sao-francisco-ressignificando-a-formacao-de-profissionais-da-saude) para aproximar e fortalecer a relação entre ensino-serviço-comunidade (https://redehumanizasus.net/88296-compartilhando-para-conhecer-convite-para-as-novas-vivencias-do-ver-sus-em-sao-paulo). Defendemos, aqui, um modelo de atenção à saúde pautada na vida dos usuários, individuais e/ou coletivos, através do cuidado (https://redehumanizasus.net/85968-o-sus-que-da-certo-narrativas-e-reflexoes-dos-estudantes-do-ver-sus-sao-paulo).

Um abraço que se troca, um olhar que se lança sugere partilha de afeto, sugere atitude de “sair de si e voltar pra si”. O “eu” se resolve na relação com o “nós” (https://redehumanizasus.net/79263-ver-sus-2014-em-vivencia-de-aprender-e-ensinar) visando entender o Sistema no qual estamos inseridos (https://redehumanizasus.net/64850-ver-sus-santa-maria-edicao-inverno-2013), transbordando e trocando afetividades com os demais colegas que também querem um SUS melhor (https://redehumanizasus.net/63249-formacao-estadual-ver-sus-inverno-2013-rio-grande-do-sul). Aproximações e trocas, entremeadas por discussões sobre nossos processos cotidianos de gestão e produção de saúde (https://redehumanizasus.net/61424-educacao-permanente-em-saude-aproximando-pessoas-e-construindo-coletivos).

Discutimos políticas públicas, conhecemos serviços de saúde, municípios, vivenciamos como usuários, problematizamos (https://redehumanizasus.net/12671-nos-caminhos-do-sus), o que com certeza qualifica os profissionais e também o atendimento à população! (https://redehumanizasus.net/12490-o-ver-sus-chega-a-santa-mariars).

 

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O ponto em comum entre todas as experiências mencionadas – Rede HumanizaSUS, os cursos da UnB, da Fisma e da Universidade Federal do Espírito Santo, e VER-SUS – é a construção de narrativas no campo da formação em saúde que se traduzem em práticas políticas, que reforçam a defesa do sistema público de saúde enquanto espaço democrático promotor de justiça social.

Como diz Thatiane Veiga em seu relato, mencionado no início desse texto, vamos seguindo por aí as experimentações e vivências pelo SUS, conectando os pontos da rede de afetos.

 

Ps: Agradeço axs colegas do coletivo de editorxs da RHS, especialmente a Patrícia Campos, pela ajuda com a busca de dados sobre o VER-SUS na RHS. Agradeço também a Ricardo Teixeira pela conversa sobre o assunto, que deu origem a este texto.