SUS: o lado obscuro do sistema (desabafo)

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06 de Junho de 2011

Hoje 8 horas da manhã, liguei para o hospital Walfredo Gurgel para marcar uma endoscopia pro me avô, pois o mesmo foi ao o hospital Deoclécio no domingo tentar passar uma sonda nasoenteral, mas após 3 tentativas não foi possível e o médico de lá orientou que a sonda fosse colocada com uma ajuda de um endoscópio. Ok primeiro passo foi dado. Depois fui tentar conseguir uma ambulância para locomovê-lo. Fui ao posto do meu bairro, mas não tive sucesso já que a ambulância tinha ido pro conserto e não estava pronta ainda.

Exatamente 12:15h da tarde colocamos vovô no carro e seguimos para o Walfredo. Chegando lá, o encaminhamento para a sala de endoscopia foi super rápido e sem muita burocracia, porém o médico que era pra chegar às 13:00 da tarde só chegou as 17:30. Gente isso é um absurdo! Me avô que não canso de falar, tem 94 anos e ficou durante mais de 5 horas em cima de uma maca esperando um médico que sempre, segundo sua assistente, “estava vindo”. Quando deu 3 horas da tarde fui à direção do hospital pedir algum esclarecimento com relação à ausência do médico. Chegando a direção, fui bem atendida e cheguei até me emocionar relatando aquela situação. A pessoa que me atendeu disse que o plantonista era “fulaninho” e que ele era uma pessoa muito responsável, humana e atenciosa e que deveria ter acontecido alguma coisa muito grave para que ele ainda não tivesse chegado.

Quando ainda estava no corredor com meu avô escutei uma senhora dizendo que os médicos costumavam deixar juntar 5 pessoas para começar a atender, já que eles estavam em outro hospital. Bem eu nunca vou saber se isso procede ou não, mas isso me chateou e até falei lá na direção. Com relação a isso a moça disse que “o povo falava demais” e que isso não acontecia de forma alguma. Se o médico responsável tivesse realmente alguma responsabilidade, ele teria ligado dando alguma satisfação. Tinha uma garota lá que só tinha jantando no dia anterior e estava até o momento sem se alimentar. Sem falar que meu avô ficou em uma cadeira mais de duas horas porque não tinha maca disponível.

O mais engraçado de tudo isso é que fui procurar a assistente social pra ver se ela poderia nos ajudar e mesma disse que quanto a isso ela não poderia fazer nada e só a enfermeira do setor poderia resolver tal problema. Por um momento fiquei pensando: o que faz uma assistente social dentro de um hospital?!

Depois que o médico chegou, não foi possível passar a sonda. O médico não conseguiu pinçar a sonda e meu avô não colaborou em deglutir. O médico sugeriu que ele ficasse lá pelo menos aquela noite para hidratar. Eu expliquei que meu avô não tinha acesso ai ele disse que outro médico poderia dessecar uma veia, mas nesse caso ele teria que ficar internado até quinta quando iria ser novamente tentado passar a sonda, que no caso agora seria com anestesia. Não pensei duas vezes, assinei um termo de responsabilidade e trouxe meu avô para a caminha dele e perto da família. Ele não merece ficar 3 dias em um corredor!

Eu nunca tinha entrado nessa parte do hospital e ver aquelas pessoas há alguns dias ali no corredor (….), hoje não consigo ter muitas palavras para descrever o que vi, infelizmente.

A melhor coisa do dia foi trazer ele de volta pra sua caminha!

Os vídeos mostrando toda essa angústia estão no meu blo ginettaamorim.wordpress.com, são chocantes mas necessários.