PNH: Um encontro de vivências, descobertas e potências

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          Tem alguma coisa na Política de Humanização do SUS que coloca a gente pra vibrar. Senti isso pela primeira vez quando tive acesso a um conjunto de materiais e publicações produzidos pelo coletivo de comunicação da PNH. Neles, falava-se sobre transversalidade nas ações de atenção e gestão em saúde a partir da perspectiva da humanização, proposta que se apresentava como valorizadora dos sujeitos envolvidos na produção em saúde, compreendidos como sujeitos autônomos, protagonistas e corresponsáveis, e que apostava no engendramento de práticas e saberes a partir de vínculos solidários e da participação coletiva.

          A capacidade mobilizadora e democrática da Rede HumanizaSUS me provocou a refletir sobre outras formas de se pensar e fazer comunicação. Lugar de encontro sensível e afetuoso, a rede permite a troca de experiências e saberes daqueles que se dedicam a fazer cotidianamente o SUS dar certo.  A Rede se desenvolve de forma viva, autônoma, sem mediações e de forma aberta para o contato com o diferente, o múltiplo e o polifônico. É emancipadora, pois aposta em formas mais democráticas e colaborativas de se comunicar, gerar informação e produzir conhecimento.

          Era um universo novo que se abria para mim, uma nova forma de acreditar e defender não apenas o SUS, mas o desenvolvimento de outros modos de ser e de se fazer política, que aposta mais nas pessoas, nas suas capacidades criativas e transformadoras, na inteligência coletiva que advém do encontro com os muitos e os diferentes; e menos nos aparatos burocráticos e hierárquicos que afastam, desacreditam e desencantam.

          Para quem veio de uma trajetória ligada à área de direitos humanos, não poderia ter encontrado um lugar melhor para se achegar e vivenciar novos aprendizados e sentidos num campo tão novo como era, e ainda o é, a área da saúde para mim. 

          Essa vivência se tornou intensa e transformadora quando fui convidada a contribuir com o desenvolvimento do processo de comunicação da Semana Nacional de Humanização, realizada em abril desse ano. Foi um riquíssimo aprendizado poder ter participado de um evento tão mobilizador, construído por tantas mãos, potencializador de tantos desejos e possibilitador de tantos encontros.

 
          Tive a felicidade de conhecer o trabalho inovador realizado pela Casa de Parto de São Sebastião e me aproximar do debate do parto humanizado, acessar trajetórias e vivências de mulheres que enfrentaram com coragem e resistência padrões hegemônicos de parir e gerar vida. Como fruto desse belíssimo encontro, produzi dois vídeos da série Histórias de Parto Humanizado, realizado a partir de depoimentos colhidos durante atividade na Casa, que relatam a história de Nina Schubart e Natasha Tavares.

 

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Olha nóis aê 🙂

          Ainda vivenciei a oportunidade de participar da Roda de Conversa: Produção de Saúde e Sustentabilidade, e perceber como o campo da saúde é por constituição o campo da transversalidade, que combina e converge com a educação, economia, meio ambiente, cultura, lazer, mobilidade, segurança, dentre uma infinidade de temas e elementos que tiram da saúde a visão restritiva associada à doença e as intervenções curativas, e a insere no lugar daquilo que constitue o bem-estar e o bem-viver.

          Não poderia ter saído indiferente desses encontros proporcionados pela PNH. Em sua dimensão mais transformadora, vivi o reencantamento da política, o acolhimento afetuoso, a beleza do fazer coletivo, o desejo de construir o comum, o despertar de potências. E por isso quero continuar, e bem perto, e bem junto…

          A essa rede de comunicadores que tanto nos encanta, segue um doce agrado, resultado de um lindo trabalho colaborativo: